ONG monitora e analisa qualidade da água captada pela população em Itu
Relatório preliminar mostrou resultados de cinco pontos.
André RoedelO projeto “Conversando com as Águas”, uma parceria entre a ONG Caminho das Águas e a seção de Ciências Biológicas do CEUNSP, está realizando o monitoramento e a análise da água captada pela população de Itu nos reservatórios públicos e bicas durante a crise no abastecimento. O relatório preliminar (que pode ser baixado aqui) desta pesquisa constatou que a água em cinco pontos não é própria para consumo.
Foram analisados os seguintes locais: as caixas d’água disponibilizadas nos bairros Jardim Aeroporto, Padre Bento e Novo Itu, além da bica da Vila Santa Terezinha e o sistema de distribuição por bolsões localizado no Alberto Gomes. A água captada em todos eles apresenta índice de contaminação acima do permitido, sendo necessário tratamento prévio que a torne própria para o consumo humano.
O relatório orienta que a cloração antes da disponibilização pode ser aperfeiçoada pelo Poder Público, aumentando a qualidade da água distribuída. Enquanto isso não ocorre e visando evitar que doenças sejam transmitidas, os pesquisadores dão dicas caseiras para o tratamento dessa água. Confira:
Fervura: de 5 a 10 minutos e a água deve ser consumida logo após o resfriamento. É eficiente em destruir todas as classes de germes aquáticos.
Cloração: duas gotas de cloro para cada litro de água e deixar em repouso por 30 minutos antes de consumi-la. É uma solução muito eficiente contra quase todos os germes.
Cloração-floculação: altamente eficiente na retenção de germes e metais pesados, mas requer treinamento aprimorado.
Filtragem, incluindo cerâmica e tecidos: eficiente desde que garantida a qualidade do filtro e sua manutenção, assim como o uso de tecidos apropriados para situação de emergência.
Desinfecção solar: fácil de fazer e de baixo custo, mas exige muitas horas de desinfecção e não é eficiente com todos os germes.
Sobre o projeto
O projeto “Conversando com as Águas” desenvolve pesquisas com o apoio dos laboratórios de Química e Microbiologia para análises físico-químico e biológicas segundo rigores técnicos estabelecidos em leis, decretos e atos normativos. A intenção é também alertar as pessoas para os métodos adequados de tratamento da água.
O projeto prevê a análise emergencial em cinco pontos na cidade de Itu, que poderão variar durante as seis amostras previstas até dezembro. A primeira coleta foi feita no dia 29 de outubro e a segunda coleta no dia 4 de novembro.
Os responsáveis pelas análises são os integrantes da ONG Caminho das Águas, Carlos Diego de Souza Rodrigues e Cristiano Andreazza. As análises laboratoriais foram realizadas nas instalações cedidas pelo CEUNSP e foram acompanhadas pelas professoras Drª. Rosemeire Bueno, Ms. Andrea Varsone Carreri e Esp. Luciana Ap. Giacomini.
Kit de monitoramento
Além do monitoramento emergencial da qualidade da água, o projeto busca comparar os resultados encontrados em laboratório com resultados obtidos a partir de um kit alternativo de baixo custo que será testado quanto a sua eficiência de análise e acessibilidade para pessoas comuns em qualquer lugar.
A montagem do “kit ituano” tem como referência o “Kit de baixo custo para avaliação da potabilidade da água em zonas rurais”, desenvolvido em 2010 por Luiz Gomes Junior. “Com o relatório preliminar a gente aproveitou para socializar os resultados e fazer algo de utilidade pública”, explica Carlos Diego.