O maior perdão da paróquia
Pedrinho fez a sua primeira comunhão quando tinha 9 anos de idade. Passava por uma fase de descobertas e uma delas foi uma forte curiosidade pela religiosidade tão fervorosa de sua tia Elmira. Passou a frequentar as missas aos domingos e a ler a bíblia com uma sagrada curiosidade.
Seu primeiro momento de forte embaraço e sinal de que não iria muito longe no mundo da religiosidade católica foi quando se viu obrigado a confessar-se, caso contrário não poderia receber a sua primeira comunhão. O garoto sentiu-se fortemente constrangido por aquela situação. Não se lembrava de nenhum pecado digno de nota. Chegar diante do padre e confessar um deslize qualquer pareceu muito pouco católico.
Pedrinho queria lembrar-se de um pecado digno de uma primeira comunhão. A fila, todavia andou muito rápido e o menino deparou-se com o padre José completamente desprovido de qualquer pecado digno de arrependimento verdadeiro; foi no improviso:
- Eu matei, seu padre!
O padre sorriu. Via na fisionomia comportada do pequeno Pedro a impossibilidade de um ato tão brutal, mas não conteve a sua teatral curiosidade:
- Você meu filho, matou alguém?
- Matei padre, mas estou arrependido.
Pedrinho sentiu-se orgulhoso, notou a perplexidade do padre José.
- Meu filho, eu não posso acreditar no que você está me dizendo, veja bem...
O garoto interrompeu ofendido:
- Então você não merece a minha confiança.
Levantou-se decidido e abriu a porta quando o padre José interrompeu-o:
- Volte aqui. O ato da confissão é um ato de honestidade consigo mesmo e, sobretudo com Deus. Você não deve mentir para ninguém, muito menos para Ele. Pense bem, não é possível que você não seja capaz de ser sincero diante de Deus, durante todo o curso...
Pedrinho sorriu satisfeito. Tinha um pecado para fazer inveja a qualquer facínora, um pecado digno de primeira comunhão.
- Padre, eu menti pra Deus.
Seguiu-se um longo sermão do padre José que Pedrinho ouviu convicto de que ninguém seria capaz de suplantar o seu pecado. Havia recebido o maior perdão da paróquia!
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