Publicado: Quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Internet elege Obama
O novo presidente dos EUA, Barack Obama, foi eleito pela Internet. Essa é uma afirmação fácil de fazer se levarmos em consideração o que aconteceria se a Internet não existisse: ele não teria chance alguma de vencer Hillary Clinton e se tornar o candidato democrata.
Obama liderou um movimento enquanto McCain, uma campanha. Obama teve adeptos enquanto McCain, eleitores. Elegeu-se um movimento!
Foi uma vitória histórica que mudou para sempre o cenário das eleições nos EUA. A última vez que essa revolução ocorreu no país norte-americano foi em 1952, quando Eisenhower usou um meio totalmente desacreditado por parecer elitizado, que não tinha muitos adeptos (assim como se pensa ainda hoje sobre a Internet): a TV! Hoje parece óbvia a importância da TV, mas, naquela época foi totalmente desconsiderada por ser um produto das classes A e B+. Esse engano custou à eleição tida como certa de Adlai Stevenson, democrata indicado pelo então poderoso presidente, Harry Truman. Eisenhower era um herói de guerra popular, mas ridicularizado quando os Republicanos lançaram sua candidatura. A TV elegeu e reelegeu Eisenhower e depois as campanhas (Era Kennedy) foram centradas nesse meio de comunicação.
A partir de agora acabou a era da TV e está entrando a era da Internet na política mundial. Canadá foi a percussora desse movimento em 2006, agora nos EUA e no Brasil será assim na próxima eleição. A TV não elegerá o nosso próximo presidente como foi nas últimas eleições... a Internet o fará! Quando falamos de Internet estamos nos referindo à Mídia Social da chamada Web 2.0. A maioria dos políticos não tem idéia do que é isso apesar de acreditarem que sabem. A questão é que estão sendo orientados por profissionais que também não sabem como isso funciona. Estamos no estado da arte desse processo e só após as eleições de 2010 ficará mais claro diferenciar quem conhece de quem diz que conhece. Quem viver verá!
Obama teve sua trajetória marcada pela habilidade de costurar as redes sociais. Ele contou com um time de consultores com diferentes especialidades em mídia social que arquitetaram um movimento nunca antes visto para eleger um presidente. Enquanto os marketeiros da campanha da Hillary ignoravam Obama (ele não aparecia no radar), ele ia fazendo micro coalizões e envolvendo seguidores dessas idéias. Quando ele ficou visível já era tarde demais para tentar reverter. A grande vantagem das mídias sociais é a invisibilidade inicial, que permite ajustar as idéias a um público maior.
O jornalismo 2.0 tem um papel importante nesse processo e também ainda está sendo mal interpretado. Enquanto vemos discussões localizadas entre, por exemplo, papel e bits, jornalistas e blogueiros, formados e não formados, estamos perdendo o principal cenário que é: Qual o novo papel do jornalismo como um todo? A questão principal é que a mídia social está revolucionando o jornalismo. O 1º Encontro de Jornalismo 2.0 será um momento importante de discussão dos rumos desse novo jornalismo. O evento será no dia 28 de novembro, em Itu. Mais informações no site www.jornalismo20.com.br.
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