Contextualizando as dificuldades de aprendizagem
Muito se tem falado acerca das dificuldades de aprendizagem, assim como o aumento dos casos de crianças encaminhadas aos consultórios de psicologia para avaliação e tratamento.
O tema é bastante controverso em se tratando da opinião dos diversos profissionais atuantes como: médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, professores e psicopedagogos, muitas vezes acaba dando margem a rótulos e atitudes discriminatórias.
Os alunos recebidos no consultório geralmente são encaminhados pela escola em que estudam, senão por um professor com um “olhar” mais atento. Dessa forma, os alunos que não conseguem atingir os objetivos propostos podem ser atribuídos de uma dificuldade em aprender, onde a “falta” a ser tratada de encontra no próprio aluno, desconhecendo o contexto em que ele aprende, ou seja, o método de ensino, o ambiente escolar, problemas físicos, entre outros.
A dificuldade de aprendizagem anteriormente era atribuída a carências sócio-culturais, desnutrição, dificuldades econômicas e estruturais, além de “disfunções cerebrais”. A dificuldade centrada na criança isentava a escola de sua participação no fracasso escolar.
A partir do ponto de vista da psicopedagogia outros fatores passaram a ocupar um lugar de destaque nessa problemática, entre eles: papel da família, da escola e da sociedade. Dessa maneira a psicopedagogia busca compreender como esses fatores se relacionam e influenciam de maneia favorável ou não o processo de aprendizagem, tomando o contexto geral no qual o aluno está inserido.
Alguns sintomas a serem observados :
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hiperatividade, hipoatividade, dificuldade de coordenação motora;
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baixo nível de concentração, dispersão;
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problemas de seriações, inversão de números, repetidos erros de cálculo ;
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problemas na codificação/decodificação simbólica, irregularidades na lectoescrita (habilidade de ler e escrever), disgrafias ( alteração da escrita ligada a problemas perceptivos e motores) ;
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desajustes emocionais leves, baixo auto-estima;
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dificuldades de fixação de conteúdos (memória);
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reprodução inadequada de formas geométricas, confusão entre figura e fundo, inversão de letras
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inibição na participação, pouca habilidade social, agressividade.
Com a mudança de perspectiva, os professores passam a adotar uma postura mais compreensiva , levando em conta as peculiaridades de cada aluno e incitando-o a mostrar aquilo que ele já sabe, utilizando suas potencialidades. Dessa foma, os profissionais que atendem os alunos com dificuldades de aprendizagem passam a interagir com o ambiente escolar a fim de realizar um trabalho em conjunto de maneira a atender as necessidades de cada aluno, orientando os professores participantes e ouvindo-os em sua atividade.
Para poder auxiliar o aluno com dificuldades de aprendizagem todo o contexto deve ser trabalhado. Assim, a família também tem um papel importante tanto na estimulação da criança, quanto no apoio e acolhimento desta e deve estar atenta as necessidades que forem surgindo. O psicólogo ou psicopedagogo deve ser capaz de trabalhar as dificuldades decorrentes desse processo, procurando estimular as potencialidades, retomar o gosto pelo aprender (muitas vezes prejudicado pelas dificuldades) e fazer a mediação entre escola, família e criança.
O atendimento psicopedagógico de crianças se dá de maneira adequada a sua faixa etária, levando em conta seu desenvolvimento. Dessa forma, os jogos, brincadeiras, atividades cotidianas, são incluídas no tratamento, sendo capaz de chamar a atenção desses sujeitos de modo a conseguirem se expressar e compreender tanto suas dificuldades quanto suas potencialidades, podendo desenvolver-se de acordo com seu tempo. A observação da criança deve ser algo constante, já que o diagnóstico precoce permite um prognóstico mais favorável bem como um processo de tratamento e reabilitação mais rápido. Além disso, a exposição a frustração decorrente das dificuldades apresentadas pode ser evitada, possibilitando a criança maior disposição e receptividade quanto ao processo de aprendizagem.