Código de Conduta
Leia a crítica deste eletrizante thriller policial!
Guilherme MartinsPor Guilherme Martins
Uma coisa se tornou rara no cinema atual: um filme te fazer pensar depois de subirem os créditos. Na maioria das vezes você vê uma obra e quando ela acaba, simplesmente desliga o aparelho e segue com a sua vida. Raro é ficar pensando depois sobre o trabalho visto. E dessa forma, com a atual escassez de filmes reflexivos, foi lançado recentemente o Código de Conduta, que chega bem perto de causar esse efeito.
Na trama, o pai de família Clyde Shelton (Gerard Butller) é vítima de dois assaltantes que invadem sua casa e estupram e matam sua mulher e filha. Sendo assim, tudo que ele espera é justiça, porém o máximo que o promotor público Nick Rice (Jamie Foxx) consegue é que um dos assassinos seja condenado a apenas cinco anos de prisão. Então, revoltado, ele planeja aguardar a libertação do criminoso para fazer justiça com as próprias mãos.
Até aí, um roteiro semelhante a muitos outros, certo? Só que a trama não se resume à vingança de Shelton diante do algoz de sua família. Isso é só o começo, já que o personagem pretende também alterar drasticamente a estrutura e a forma com que o poder legislativo procede nos Estados Unidos, eliminando todos os que impediram a justiça de ser feita, independente do que isso o custe.
E é nesse ponto que poderia estar o maior diferencial e maior acerto do roteiro. Por não se tratar apenas de vingança, mas de explorar a precariedade e fragilidade do sistema penal americano, fugindo do senso comum presente neste tipo de filme. Porém também é nesse ponto que a obra peca, pois embora ele gere esse tipo de reflexão, percebe-se que a abordagem é rasa diante da importância da questão, resumindo o filme em muita ação, violência e explosões, mas deixando de lado o debate que a própria obra propõe.
Outra questão que não é debatida no filme, mas causa efeito no espectador, é até que ponto a busca pela justiça transforma o homem naquilo que ele persegue. No caso, a obsessão de Shelton em vingar-se de todos acaba transformando-o de vítima a agressor. E os métodos extremamente violentos que ele usa só vêm a diminuir ainda mais essa linha tênue que separa os dois perfis.
As atuações de Gerard Butler e Jamie Foxx são competentes e convincentes, agregando um pouco mais à obra. Com destaque ao primeiro, que demonstra ter uma carga dramática que até então era desconhecida.
Por fim, trata-se de um filme muito bom e que cumpre o seu papel de entreter. Porém, não espere dele nenhum tratado ou a resolução dos problemas sociais que ele expõe. Apenas assista e desligue o aparelho. A reflexão posterior fica por sua conta.
Veja o trailer!