Respeito, educação e fiscalização!
O Brasil é um dos recordistas mundiais de mortes no trânsito.
Camila BertolazziPor Camila Bertolazzi
Ao contrário da Índia, famosa pelas precárias condições de trânsito, na maioria das cidades brasileiras - felizmente -, vacas, cavalos e outros animais não se misturam aos mais de 65 milhões de veículos de grande e pequeno porte que circulam pelas estradas do país. Por outro lado, motoristas e pedestres sem educação estão por toda a parte. E, quando o assunto é trânsito tem que ter paciência, porque está cada vez mais difícil encontrar quem respeite as leis.
As ignoradas faixas de pedestre são um exemplo de direitos que se perderam e hoje são como se não estivessem lá. Com o objetivo de proteger o pedestre, o Código de Trânsito diz que o mesmo tem sempre a preferência quando estiver atravessando a rua – na faixa -, o que torna o motorista obrigado a parar. No entanto, em cruzamentos com semáforo, os pedestres devem esperar até que o sinal feche para os carros. O desrespeito à lei é falta gravíssima, sujeita a sete pontos na carteira e multa de R$ 191,54.
Segundo o Delegado de Polícia e diretor da CIRETRAN de Itu, José Moreira Barbosa Netto, assim que o pedestre iniciar o cruzamento da via pela faixa, o motorista obrigatoriamente precisa parar; mas para isso ele precisa trafegar numa velocidade permitida e compatível com o local. “Por outro lado é importante que o pedestre não abuse dessa preferência, porque em decorrência da fiscalização e da educação, a maioria dos motoristas não respeita essa lei”, alerta e completa: “Já aconteceu inclusive de eu parar para dar preferência ao pedestre e o próprio não atravessar, por desconfiança; ele não acredita que o motorista parou por causa dele”.
Insegurança essa causada principalmente pelos motociclistas que, segundo o Dr. Moreira, se precisar, andam inclusive pela calçada. “O motociclista não tem preferência no trânsito; eles precisam aprender a trafegar atrás do automóvel, como qualquer outro veículo, e esperar o momento certo para fazer a ultrapassagem, sempre pela esquerda”. E acrescenta: “Precisamos de fiscalizações mais atuantes para coibir uma série de abusos; é fiscalização, educação e campanha”.
Há ainda a insegurança dos motoristas que não param na faixa por medo da colisão traseira. “Isso porque ninguém está esperando que o carro da frente pare para dar preferência ao pedestre”, afirma o delegado. Uma dica, nesses casos, é olhar rapidamente pelo retrovisor antes da parada e ligar o alerta.
E quando o pedestre está errado? Se você mora em Itu, faça uma experiência! Pare por alguns minutos em frente à igreja Santa Rita, no cruzamento com a rua 7 de Setembro. Apesar do semáforo para pedestre, os mesmos atravessam a qualquer momento, obrigando o motorista a parar mesmo quando a preferencial é dele. Outro erro muito comum: os pedestres ignoram a passarela.
Um estudo internacional revela que o impacto de um carro em alta velocidade é tão intenso que uma pessoa atropelada a 50 quilômetros por hora tem só 15% de chance de sobreviver. Se a velocidade chegar a 70 quilômetros, dificilmente a vítima resiste.
Mas nem tudo está perdido no Brasil. Florianópolis e Brasília estão entre as poucas exceções. Nessas cidades, o respeito é maior. Uma campanha lançada em 1997 no Distrito Federal reduziu em 30% as mortes no trânsito. São Paulo e os outros Estados poderiam e deveriam ir pelo mesmo caminho.
A rotatória é outro motivo de esquentar a cabeça. Apesar das enormes sinalizações indicando que quem vai para a direita deve pegar a faixa da direita, e quem vai para a esquerda deve seguir na respectiva faixa, os motoristas cruzam de uma linha para a outra sem respeitar as regras e inclusive sem indicar a mudança. Causa de acidente na certa!
É importante lembrar que o Brasil é um dos recordistas mundiais de mortes no trânsito. E, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos acidentes são causados por falhas humanas. Confira o vídeo com flagrantes de imprudência na marginal de Itu!
Na teoria, todos os motoristas têm conhecimento da lei, afinal há uma prova obrigatória que devemos fazer antes de irmos às ruas; mas na prática a história é completamente diferente. Para o Diretor da CIRETRAN de Itu, “a solução são campanhas constantes sobre educação no trânsito para que leis básicas sejam re-apresentadas ao público”. Eu acredito que se cada um – ciclista, motorista, motociclista e pedestre – respeitar o seu espaço, todos nós estaríamos mais seguros.
“Você adquire um hábito repetindo, praticando, praticando e praticando. É um processo. Toma consciência, aprende a fazer o certo e repete, repete, repete até se tornar um hábito, como foi o cinto de segurança, por exemplo”, afirma Luiz Carlos, representante da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), em entrevista ao Fantástico, programa da Rede Globo. Que tal começar a praticar?!