Publicado: Sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Entrevista com Gilberto de Lucena
Camila BertolazziGilberto de Lucena é biólogo e coordenador do Departamento de Controle de Vetores da Secretaria Municipal de Saúde de Itu.
Itu.com.br - Você vê algum progresso na luta contra a Dengue com todos os alertas e campanhas feitas pela mídia e escolas?
Gilberto - O assunto dengue tem sido bem explanado, em especial nestes últimos 3 anos, principalmente pela mídia. Quanto ao progresso podemos afirmar que embora a população tenha conhecimento dos cuidados, a grande maioria ainda não incorporou como hábito o controle que deve ser realizado durante todo o ano, evitando assim o crescimento da população de mosquitos. Entre o conhecer e o praticar ainda existe uma certa distância.
Itu.com.br - Apesar das campanhas, muitas vezes não é possível fugir de uma picada do mosquito da Dengue. Nesse caso, como a pessoa deve proceder?
Gilberto - Nem todos os mosquitos estão com o vírus da dengue e, por isso, não existe motivo de pânico a menos que estejamos num quadro de transmissão. O mosquito é muito pequeno e tem hábitos domiciliares. Sempre que você observar um mosquito picando de dia e ele for como o da dengue, procure primeiro em sua casa, no local de trabalho ou lazer, recipientes que possam abrigar larvas do mosquito. Eles quase sempre picam perto de locais onde se reproduzem. Se você não encontrar nada em ralos de água, pratos de vasos de planta, calha entupida ou caixa d’água, ligue para o controle da dengue da sua cidade e solicite uma vistoria.
Entretanto, se você foi picado em outra cidade e depois de 4 ou 5 dias apresentar sintomas, procure atendimento médico.
Itu.com.br - Quais são as maiores dúvidas de pacientes infectados pela Dengue?
Gilberto - Se for constatado que a pessoa está com a doença, ela receberá todas as informações necessárias através do médico ou do Serviço de Vigilância Epidemiológica do município.
Itu.com.br - Você acha que as campanhas poderiam ser feitas de outra forma para se atingir um número maior de pessoas? Como poderia ser?
Gilberto - As campanhas sempre têm a característica de acontecerem em períodos com um grande número de pessoas infectadas e quando o calor e as chuvas favorecem o mosquito. Além das campanhas, é importante que os serviços de controle do vetor funcionem durante todo o ano e não somente no verão para que em períodos mais críticos tenhamos uma situação mais segura em relação à quantidade de mosquitos adultos.
Itu.com.br - Como que o assunto da Dengue afeta/interfere a sua rotina, o seu trabalho e o dia a dia das pessoas que trabalham direta ou indiretamente com isso?
Gilberto - Nosso trabalho é quase exclusivamente destinado ao controle do vetor durante todo o ano e, portanto, já temos incorporado essas ações como rotina.
Itu.com.br - Qual o seu recado para os nossos leitores?
Gilberto - Grande parte da população sabe como evitar o mosquito da dengue. Nós, técnicos, sabemos que é muito difícil o controle sem o auxílio desta população, ainda mais num país tropical com características que favorecem o mosquito e com grandes dimensões territoriais e com grande diversidade cultural. Isso possibilita que, mesmo após controlada em determinado Estado, a doença ressurja anos depois porque o Estado vizinho não teve o mesmo sucesso no controle.
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