Cultura

Publicado: Quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Depoimento de Olga Sodré

Crédito: Alan Dubner / www.itu.com.br Depoimento de Olga Sodré
Embora só tenha voltado a visitar o quartel de Itu, nos últimos tempos, ele tem grande importância na minha história. Se ele não tivesse existido, eu nem teria nascido, pois foi quando veio servir como tenente, em Itu, que meu pai conheceu minha mãe, e com ela se casou.
 
Imagino-o subindo a ladeira que liga o Regimento Deodoro à praça do Carmo, onde fica o casarão do meu avô, para namorar minha mãe. Ela relembra estes encontros até hoje, e narra com emoção o casamento, na Matriz, em 02 de fevereiro de 1935. Os dois entraram na Igreja, no dia da padroeira, atravessando uma alameda de espadas erguidas pelos oficiais.
 
Quando eu nasci, eles não estavam mais em Itu, pois a vida militar é nômade, e os levou a mudar de cidade em cidade, mas meus avós, Itu e seu quartel permaneceram sempre como pano de fundo.
 
Em cada nova cidade, nossa família se enraizava no grupo de familiares militares, e eu cresci brincando nos quartéis. Nossa cidade tornou-se assim o Brasil inteiro, que meu pai me ensinou a conhecer e amar, mas nós sempre voltamos a Itu.
 
Foi na praça do Carmo que eu brinquei, comecei a namorar, e me apaixonei por um tenente do Regimento Deodoro...
 
Quando meu pai faleceu, em 13 de janeiro de 1999, ele foi enterrado com honras militares, na presença dos oficiais e ao som das cornetas do quartel de Itu.

Olga Sodré é filha da ituana Yolanda Frugoli Sodré e do militar, historiador e escritor, Nelson Werneck Sodré. É psicóloga, doutora em filosofia e psicologia clínica e atua em diversas instituições brasileiras e internacionais.
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