Bem estar

Publicado: Sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Hospital Sanatorinhos

História do Sanatorinhos

A origem da entidade está ligada de forma marcante aos princípios de solidariedade que regem a humanidade em seus momentos mais difíceis e na sua luta pela sobrevivência.
Entre as doenças que historicamente acompanham o ser humano, desde que o mundo é mundo, a tuberculose sempre foi temida pelo alto grau de morbidade.
Por volta dos anos 30, a doença grassava com intensidade pelo mundo e as pessoas atacadas pela enfermidade, na maioria dos casos fatal, buscavam por todos os cantos um local que representasse a salvação de sua vida. As classes mais abastadas da Europa abrigavam-se em regiões montanhosas dos países, como os Alpes Suiços, onde, acreditavam, o ar puro da altitude ajudava a combater a doença.

No Brasil, a cidade de Campos do Jordão, a 1.628 metros de altitude e a 167 quilômetros da capital de São Paulo, próxima às divisas de Rio de Janeiro e Minas Gerais, e já conhecida como a Suiça brasileira, pelo excelente clima semelhante ao do país europeu, tornou-se um reduto no combate à tuberculose. Mas, pelos altos custos dos sanatórios que ali eram construídos, apenas as pessoas ricas tinham acesso à internação.
Ante a possibilidade de cura, passou a crescer o número de pessoas carentes que chegavam à cidade, desejosas – e inconformadas - de ter uma oportunidade de tratamento. Sem recursos, não eram atendidas e ficavam desamparadas, encontrando como único abrigo a estação ou os vagões da estrada de ferro Campos do Jordão – Pindamonhangaba, mas algumas não resistiam às noites frias e vinham a falecer.

Diante do problema que se agravava, o chefe da estação ferroviária Sebastião Gomes Leitão levou o fato a alguns milionários que frequentavam a cidade. Sensibilizados com a situação, 14 deles decidiram criar uma sociedade beneficente e, num dia histórico, 16 de janeiro de 1931, reuniram-se numa padaria da cidade e, num papel de embrulhar pão, escreveram à mão a ata de fundação da Associação dos Sanatórios Populares de Campos do Jordão.
Estavam presentes a essa reunião nomes ilustres como os drs. Antonio Gavião Gonzaga, Aristides de Souza Melo, Clóvis Corrêa, Décio Queirós Teles, Eduardo Levy, Floriano Pinheiro, José Torres, Marco Antonio Nogueira Cardoso, Nestor Ferreira da Rocha, Plínio da Rocha Mattos, Raphael de Paula Souza, sr. Orivaldo Lima Cardoso e sra. Maria Emília Sampaio Camargo, esta eleita para presidir a entidade no biênio 1931/1932.
Essa origem, sem ostentação, nortearia toda a história de filantropia da entidade, que notabilizou-se, através dos anos, pela crescente e notável dedicação ao ser humano.

Primeiros Hospitais e o nome Sanatorinhos
Onze meses depois, em 22 de novembro de 1931, era inaugurado o Hospital S1 com 24 leitos, todo em madeira, nos moldes e estilo dos sanatórios europeus. Uma construção simples, mas que oferecia conforto e atendimento de qualidade, sem qualquer custo para o paciente. Mais tarde ampliado, o S1 chegou a ter 40 leitos.
Dois anos depois foi construído o S2, um hospital bem maior, em madeira e alvenaria, aberto em 15 de novembro de 1933, com capacidade para 80 leitos, aumentada para 180 nos anos seguintes.
O nome Sanatorinhos surgiu do dito popular. Quando alguém dizia que estava indo internar-se no hospital Sanatórios Populares, geralmente ouvia, em tom de ironia: "Ah, você vai para o Sanatorinhos".
Mas a preocupação da sociedade beneficente não era o nome e, sim, a qualidade do atendimento.
Os médicos do hospital viajavam frequentemente à Europa, principalmente Espanha e Itália, e aos Estados Unidos, para atualizar-se com os métodos mais modernos de tratamento. Na volta, eram requisitados por outros hospitais e faculdades de todo o país para fazer palestras e levar os novos conhecimentos aos seus médicos. Assim, a qualidade do atendimento ao paciente logo tornou-se conhecida e o nome Sanatorinhos passou a ser respeitado e admirado como sinônimo e exemplo em cultura, qualidade e filantropia, sendo adotado oficialmente pela instituição que passou a Sanatorinhos – Ação Comunitária de Saúde.

Em 1948 surge o S3
Os hospitais Sanatorinhos eram cada vez mais procurados e já não davam conta do atendimento, o que levou a organização a construir um terceiro hospital, o S3, todo em alvenaria. Aberto em 20 de junho de 1948, tinha excelente estrutura, com 330 leitos, quartos e enfermarias amplas, refeitórios, copa, cozinha, aparelhos médicos e cirúrgicos modernos, salas para cirurgia do tórax, esterilização, enfermagem, curativos, aparelhos para planegrafias, radiografias, radioscopias, broncoscopias etc.
Nesse mesmo ano, pouco antes já havia sido aberto o Dispensário Ary Nogueira da Silva, na cidade de São Paulo, no bairro do Ipiranga, para facilitar ainda mais o atendimento aos pacientes carentes, muitos dos quais sem quaisquer condições de buscar atendimento em locais distantes.
Com o desenvolvimento no Brasil da Campanha Nacional de Combate à Tuberculose, idealizada pelo dr. Raphael de Paula Souza, um dos fundadores do Sanatorinhos, e o crescente emprego da vacina BCG (Bacilo Calmette-Guerin), que havia sido apresentada oficialmente pelo pesquisador Albert Calmette, na Academia Nacional de Medicina de Paris, em julho de 1942, e, mais tarde, com a introdução do tratamento ambulatorial da tuberculose, já não havia necessidade de manter os três hospitais em Campos do Jordão. Os dois primeiros (S1 e S2) foram desativados e o S3 transformado em hospital de múltiplas especialidades, sendo hoje um dos principais da cidade
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