CRMV-SP orienta cuidados extras com os pets no inverno
Médicos-veterinários dão dicas para manter os animais saudáveis durante o frio
Jéssica Ferrari
No Brasil, o inverno tem seu início oficial no dia 21 de junho. Porém, com a proximidade dos meses do meio do ano, as temperaturas mais frias já começaram a ser registradas em várias regiões do país. E, assim como as pessoas buscam se proteger do frio, também há cuidados para que os pets possam passar de maneira saudável pela estação.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há mais de 52 milhões de cães e 22 milhões de gatos no Brasil. Quase 45% dos 65 milhões de domicílios no Brasil possuem pelo menos um cachorro. E 17,7% possuem ao menos um gato. Os dados demonstram o importante espaço que os pets têm ocupado na sociedade e os cuidados médico-veterinários passam a ser primordiais tanto para a saúde dos pets quanto de seus tutores.
Confira as orientações dos profissionais que fazem parte das comissões técnicas do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) para manter seu pet saudável no período mais frio do ano:
Capacidade de adaptação e conforto térmico
“Cães e gatos têm habilidades fantásticas em se adaptarem às condições adversas, o que os têm mantido fortes e saudáveis por milhares de anos, em diversos climas e culturas pelo planeta”, relata o médico-veterinário Carlos Augusto Donini, presidente da Comissão Técnica de Políticas Públicas do CRMV-SP. Ele explica que essa característica deve-se à fisiologia e ao comportamento destes animais. A resistência está intimamente relacionada à herança genética, que leva em consideração a raça, os antepassados e cruzamentos.
“Existem mecanismos biológicos automáticos muito eficazes para regular as temperaturas no frio e no calor ambiente. Envolvem hormônios, coração, respiração, rins, fígado e o comportamento”, explica o profissional. Essa capacidade de adaptação também pode variar de acordo com o tamanho e as condições do organismo do animal: se for grande, pequeno, magro, gordo, jovem, idoso, de pelo longo, pelo curto, claro ou escuro, se está saudável ou doente.
“Em função desta capacidade de adaptação, a condição de frio atuará fora da faixa de conforto térmico, exigindo do organismo os sistemas de regulação que, se incapazes ou insuficientes, determinarão distúrbios ou facilitarão as doenças infecciosas oportunistas. Portanto, os filhotes, idosos, cardiopatas, renais e subnutridos estarão predispostos à pneumonias, insuficiência cardiorrespiratória e renal. Daí, maior atenção às tosses, inapetência (falta de apetite), depressão e disúria (urina alterada)”, alerta Donini.
O médico-veterinário Thomas Faria Marzano, presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, aconselha manter os animais em um ambiente mais aquecido, onde não entre muita friagem. “Outra coisa é evitar sair com os animais nos horários mais frios, principalmente à noite ou comecinho da manhã”, indica.
O presidente da Comissão de Políticas Públicas, Carlos Augusto, salienta que roupas não estão entre as necessidades dos animais. Ele recomenda aos tutores que coloquem nos animais somente quando a temperatura ambiente estiver abaixo dos 18ºC. Em relação a estes acessórios, o médico-veterinário Thomas Marzano diz que podem ser úteis nos momentos de passeio com o animal, especialmente para proteger do vento. E completa dizendo ser importante o cuidado higiênico com roupas e mantas, pois o contato de resíduos com a pele pode causar feridas e outros problemas dermatológicos e sanitários.
Além disso, camas e colchões devem ser expostos diariamente à luz solar, e higienizados com produtos neutros (desinfetantes e detergentes sem perfume).
Banhos
De acordo com Marzano, os banhos podem ser mantidos no período de inverno, desde que observados alguns cuidados. “A água precisa estar numa temperatura agradável, morna. É importante proteger o conduto auditivo de modo a evitar que o pet desenvolva uma otite (infecção no ouvido). E secar bem o animal, com secador ou toalhas. Muitos tutores deixam secar ao ar livre, o que pode levar o animal a ter uma hipotermia bem grave”, alerta o médico-veterinário da Comissão de Pequenos Animais.
Doenças mais frequentes e vacinação
Marzano explica que, durante o inverno, as doenças mais frequentes são semelhantes aos casos mais comuns do outono. Em relação aos cães é a gripe, também conhecida como Tosse dos Canis. Nos gatos, é comum um aumento dos problemas respiratórios, como a rinotraqueíte. Entre os animais que já possuem alguma patologia ortopédica, também se observa que, normalmente, o frio causa mais dores articulares e ósseas.
A procura pela vacina da gripe tende a aumentar nesta época do ano, porém, os representantes do CRMV-SP chamam a atenção para a importância de manter a imunização em dia, independentemente da época do ano. “As vacinações anuais de rotina desenvolvem anticorpos eficientes para todo o período de cobertura (1 ano), por isso deverão ser realizadas por médicos-veterinários que, no ato, realizarão exame clínico geral para certificar a resposta efetiva da vacinação e de seus reforços estratégicos”, explica Donini.
Outra dúvida comum é se os tutores, quando doentes, devem se afastar dos animais. Sobre isso, o presidente da Comissão Técnica de Políticas Públicas esclarece: “As doenças respiratórias podem, raramente, ser transmitidas dos humanos para os cães e gatos. São resultantes dos contatos diretos das secreções orais e nasais. O fluxo contrário também ocorre (animal-ser humano). Basta reduzir os riscos de exposição, gerados por hábitos de beijar ou deixar-se lamber, principalmente de idosos e crianças”.
“Existem algumas zoonoses que os animais pegam dos donos, mas o maior cuidado tem que ser em relação a algumas infecções bacterianas, porque se o animal tiver com a imunidade baixa, dependendo do tipo de bactéria, pode se infectar também”, complementa o especialista da Comissão de Pequenos Animais.
Alimentação
Seguindo um instinto natural de aumentar a reserva energética, assim como os humanos, os pets tendem a comer mais nas épocas frias. Mas é preciso ter controle, para impedir os excessos. A quantidade de comida deve ser a mesma das outras estações. “Lembrando que se você tiver qualquer dúvida com relação a alimentação ou quiser saber algo mais específico sobre o seu animal, o melhor é procurar um profissional médico-veterinário”, alerta o presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do Estado de São Paulo, com mais de 37 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, Estados e Municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.