Em um discurso inflamado para cerca de 2000 gestores de saúde dos pais, o ministro da saúde, José Gomes Temporão destacou metas ousadas e críticas ao sistema de saúde que merecem ser compartilhadas.
Antes, vale ressaltar que em Joinville, na ultima semana ocorreu o XXIII Congresso Nacional de Secretários Municipais de Saúde, maior evento de visibilidade política e técnica dentro dos rumos da saúde pública. Gestores de todo pais se reuniram abordando questões comuns e dilemas nacionais, evocando uma solução racional, certeira, madura, técnica para o SUS, que completa no proximo ano, 20 anos de existência
O ministro Temporão, sanitarista defensor e entusiasta da saúde publica e do SUS, discursou de forma explicita e clara seus compromissos para uma platéia de cerca de 3000 participantes. Sem medo de ser ele mesmo, destacou pontos chaves para o embate da saúde nos país – este artigo serve para que vocês se conectem ao mundo real do SUS e acompanhem a batalha suprapartidária pela sua sobrevivência – ter opinião faz diferença:
1. sub-financiamento – o SUS paga mal e paga pouco e empurra soluções regionais de custos crescentes para os municípios, comprometendo muito mais do que o orçamento vinculado de 15 % das receitas próprias das cidades.
2. valorização da atenção básica e do programa saúde da família – você não sabe o que isso significa ? Significa a base do sistema de saúde, aonde se realizam consultas, epidemiologia, atenção multidisciplinar – que se bem ordenadas, impedem o estrangulamento do fluxo para especialidades e resolvem 80 % dos problemas da população.
3. SUS não é para pobre, é um direito constitucional, universal, igualitário e de integridade, ou seja, para todos
4. a promoção à saúde é de urgência imediata – trabalhar a saúde é melhor e mais econômico do que remendar a doença
5. Combate incisivo à propaganda de bebidas alcoólicas na mídia– vale aqui o comentário ousado e antilobby do ministro ao enfrentar como poucos a industria de bebidas alcoólicas, “escancarando” as estatísticas de morte por violência e perda do espaço social dos jovens por conta do álcool
6. planejamento familiar – outra ousadia anti-hipocresia ao defender o direito a mulher ao aborto não clandestino e ao acesso aos meios contraceptivos em um vasto programa nacional recém implantado
7. Incorporação de tecnologias sem planejamento do impacto na produção de serviços e custos crescentes – entra a defesa de protocolos clínicos sustentáveis contra experimentações sem comprovação de beneficio em massa.
8. Judicialização da gestão em Saúde – influencia insana e distorcida do judiciario na compra de medicamentos e serviços – esse fator tende a ser contornado com uma comissão técnica que realizaria relatório para confronto com liminares que retiram do SUS a autonomia na equidade
9.controle Social : a implantação de um conselho gestor e municipal de forma a permitir democraticamente a participação de todos , capacitando quem olha pelos seus serviços
10. revisão dos modelos ultrapassados de gestão
11. combate a corrupção passiva e ativa que destrói cotidianamente a construção de 20 anos de reforma sanitária no pais
Vivemos hoje um momento histórico, de representação maciça, suprapartidária em defesa do SUS, sistema Único de Saúde que serve a todos. Não desdenhe do seu lugar nesse cenário, pelo menos 75 % dos transplantes realizados no país foram via SUS. É um sistema de Saúde para todos, com cobertura universal e integrativa. Mas não merece pagar o preço por esse lado maternal universalizado.
O mercado da Saúde representa hoje geração de empregos, incorporação de tecnologias, economia sem fronteiras, sustentabilidade ao planeta e respeito à vida.
É um momento de revolução silenciosa em nome dos menos favorecidos e com o aval dos conscientes.Para mudarmos algo nas nossas vidas e na vida das pessoas que nos cercam é necessário conhecimento, indignação e atitude.
Ousadia “Temporã” ? Antes tarde do que muito tarde, antes muito tarde do que tarde demais.