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Publicado: Segunda-feira, 24 de outubro de 2005

A bipolaridade do humor

O que antes era um distúrbio psicótico, conhecido como depressão maníaco-depressiva, hoje é uma doença rebatizada e contemporânea. Abandona-se a nomenclatura de distúrbios psicóticos e entra-se no campo afetivo, comportamental, denominando-se distúrbio bipolar.

Para as pessoas em geral, isso significa um universo de obscuridades e maus diagnósticos, subestimado em estatísticas cruas e poucos tratamentos eficientes.

A origem da bipolaridade é genética e desconhecida, baseada em recentes descobertas de alterações químicas no comportamento, visão, movimento, leitura e informações sensoriais.

Na realidade, um difícil diagnostico, por conta que estados alternantes de humor, se sutis e cronificados, são formas mais amenas da doença, confundidas com a personalidade “forte” do doente.

Vemos conceitos de distimia ( doença do mau humor excessivo) e hipomania ( felicidade exagerada e sem nexo ) se misturarem em quase todas as pessoas que conhecemos.
Assim como o stress, a bipolaridade é banalizada.

Quando sabemos que é uma doença e não uma falha do caráter?

A distimia é um estado crônico e altamente limitante. A hipomania leva indivíduos a comportamentos sem senso critico, dotados de autoconfiança exagerada e atitudes egoístas.

Para tudo na vida, existem limites e são os limites que nos levam a percepção mais clara do comportamento alheio.

Não é nada fácil conviver com uma pessoa bipolar e muito menos convencê-la a um tratamento adequado; mas a busca por um tratamento correto tem crescido na medida em que se assume a química como responsável por um comportamento emocional, que não é demérito de ninguém.

Muitos diagnósticos surgem do tratamento inadequado de uma depressão crônica, com drogas que acabam por precipitar um estado de euforia sem lógica.

A falta de capacidade de julgamento de um doente bipolar não tratado afeta todos que estão em sua volta, desintegra relações e potencializa riscos.

O melhor é a conjugação de tratamento com estabilizadores de humor e psicoterapia. Para sempre, um alerta de um limite a ser respeitado – assim como existem limites para ulcerosos, bronquíticos, diabéticos e hipertensos.

Enquanto um membro familiar padecer de bipolaridade, todos, de alguma forma, estarão implicados em seus efeitos e podem adoecer junto. A Psicoterapia vem em auxílio à família e amigos com o objetivo de melhor orientá-la na forma de lidar com o paciente Bipolar, como também em reestruturar-se diante dos

conflitos, mudar os modelos e preservar responsabilidades.
Isso significa que depressão e mania não necessariamente se alternam, mas surpreendem a todos.

Considere esse estado insustentável e potencialmente fatal para cerce de 10 % dos doentes, como apontam as pesquisas.

Respeite sua integridade antes de adoecer junto a um bipolar.

Respeite o limite do bipolar pela falta de capacidade de julgamento. Mas não cometa o erro de justificar tudo como falência emocional das relações. É uma doença e como tal, depende muito do doente na busca de seu próprio caminho e controle.

Não há culpados, a ciência hoje inocenta doentes e cuidadores. Fica valendo a vontade de viver e achar seu melhor caminho. Opção para todos e com grandes alternativas individuais.
Se você se identifica com o diagnostico de bipolaridade, saiba que o tratamento correto viabiliza as relações com as pessoas e com o meio que você vive.

Se você se identifica com a convivência com um bipolar, respeite seus próprios limites e preserve sua saúde física e emocional. De qualquer forma, é necessária lucidez e firmeza de ambos os lados. Acredite, sempre há uma luz no fim do túnel para quem busca a porta da saída.

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