A Dança da Confiança
Neste próximo ano, quero exercitar a Dança da Confiança.
Começando pelos passos mais simples, que estão no meu caminhar. Então, claro, confiar primeiro em mim. E na capacidade de aprender o que ainda não sei. Confiar que consigo mudar os padrões que já não me cabem mais, mas insistem em tatuar minhas emoções. Certos aprendizados precisam de meio século para ancorar, mas desistir não está na lista. Vou confiar que conseguirei definitivamente alterar algumas rotas que me levam a cair dentro dos mesmos buracos, exaustivamente conhecidos. Confiar que posso ver e sentir diferente, sob uma ótica mais leve e refrescante. Confiar que não preciso ser refém de nada ou ninguém, e que tenho o sagrado direito de não aceitar o que me machuca. Confiar que posso dizer não sem me sentir ingrata, e dizer sim sem ser ingênua. Confiar que saberei discernir entre o que quero e o que querem de mim. Confiar que vou andar a minha palavra, mantendo serenidade e integridade. Confiar que sou confiável, e caso não percebam, isso não muda quem eu sou. São muitos desafios nesses passos da confiança!
Ao me apropriar dos meus passos, vou também exercitar a dança com o meu par, seja ele um companheiro, filho, pai, mãe, irmão, colega de trabalho. Confiar que posso confiar. Observar que aquilo que é importante pra mim não necessariamente é para outra pessoa. Confiar nessa troca de histórias e realidades diferentes. Confiar no poder da palavra e do gesto e na intuição que nos une ou separa. Confiar nos passos dos mais velhos e na dança das crianças. Tudo ensina. Confiar mais nas pontes do que nos muros, olhando no coração e sorrindo nos olhos. Confiar que a dignidade ainda pode ser preservada.
Abro mais os braços, e danço também a confiança na Comunidade, seja ela minha rua, roda, família, empresa ou projeto. Respiro a força do grupo, o ritmo coletivo que amplia as experiências doces e amargas. Coloco minha atenção no exercício de acreditar na energia de união, para além da separação. Abraço a diversidade sem me sentir dividida, aceitando que todas as cores podem coexistir em harmonia quando há confiança. Busco no profundo do meu ser essa inteireza quando estou no grupo, e ao me sentir plena, sei que emanarei plenitude.
Finalmente, elevo minhas mãos para o céu e exercito a confiança no Universo. Entro em contato com a luz das estrelas e com a seiva que circula nas raízes da minha história. Entre céu e terra, ilumino a presença, dando mais vida a ela do que aos medos. Confio nos caminhos, na sincronicidade, no fluxo do rio e seus segredos. Sintonizo os mistérios que nunca entenderei e peço que a verdade seja meu guia . Bebo a água da fonte, que me alimenta e refresca. Confio no tempo, no vento, no movimento da vida.
A Dança da Confiança é uma escolha difícil. Mesmo assim, abro a porta, a janela e o querer. E já dou o primeiro passo.
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