A dança... de menina a mulher
Eu danço na minha fogueira de vento. Resolvi dar adeus à menina. Porque chorar, se posso dançar? Meus passos vão muito além do que meu medo deixa ver. Eu só quero mesmo é deixar brilhar. Há luz em todos os cantos, fora e dentro, acima e embaixo. Porque me esconder?
Eu danço a mulher que habita meu corpo. Guardiã da beleza, filha do tempo, mãe da esperança. Seus cabelos grisalhos trazem o prateado da lua que sabe amar. Mulher que quer apenas deixar seu brilho resplandescer.
Eu danço o movimento que expande. Abro os braços e abraço o céu, giro no ar e respiro o sabor, trago as mãos ao coração e sinto o pulsar do tambor. Não há nada a temer. Minha menina pode dormir tranquila e deixar a mulher florescer.
Eu danço as flores do jardim. Todas as cores mandalando a perfeição do universo. Rodopiar e exalar perfume em cada nota, fazer da vida uma melodia. Quem tem música nunca está sozinho, que a minha menina nunca se esqueça disso.
Eu danço para libertar. Asas de cor, beijo a flor. Quantos arco-íris cintilam ao voar? Tudo flui nas águas do céu, tudo acende nas nuvens do mar. De menina a mulher eu posso acreditar. Sim, é hora, eu vou mergulhar.
Quantas meninas moram em cada mulher! Há tanto o que cuidar! Regar o amor, curar a dor, amparar o medo, descobrir o desejo. Deixar crescer, saber confiar, amadurecer, poder vibrar.
De mãos dadas, com os olhos bem abertos, eu sinto alto e grito em silêncio: adeus, minha menina querida. Serei sempre grata pela criança que dança em mim. Mas já é hora de ir...
A mulher me olha e sorri: é tempo de desabrochar!
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