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Publicado: Sábado, 29 de dezembro de 2007

A deusa estatística

A estatística, que antes fazia parte da matemática e hoje segundo alguns dicionários é ciência, talvez autônoma, na verdade virou poderosa entidade, assemelhando-se a uma deusa, tal a sua influência e importância.
 
E o pior é que se transfigura numa bruxa, em geral fazendo previsões horrorosas, contribuindo, data vênia, mais para o mal estar (stress) do que para o bem estar social. Prevê, normalmente, que aumenta o número de assassinatos, roubos, estupros, assaltos; que as doenças -câncer de mama, de próstrata, dengue, gripe aviária, etc.-, também crescem; que acontece o mesmo com a mortalidade infantil (de vez em quando, afirma que diminuiu em determinada região), os abortos, os desastres (às vezes sai a boa notícia como esta do Estadão de 2/11/07, cujos dados afirmam que a taxa de homicídios caiu 20,7% no estado de S.Paulo, em comparação com o mesmo período do ano interior e que há reduções de homicídios desde 1999 etc.).
 
Muito desagradável quando prognostica que, neste ou em tal ano, tantos deverão morrer por determinadas e variadas causas. Há estatística sobre tudo: quantos ingressos deverão ser vendidos nos onímodos espetáculos, quantos banheiros móveis higienizáveis precisarão estar disponíveis, quantas barracas serão disponibilizadas para locação etc. Aí ela já vai se misturando com as previsões econômicas e valorizando aquilo que chamamos de planejamento, hoje indispensável para quaisquer empreendimentos.
 
Sobre as práticas religiosas, fiquei impressionado com estatística publicada no Estadão, não faz muito tempo (infelizmente o meu recorte de jornal se encontra extraviado, impedindo que forneça dados mais precisos) que afirma que apenas cerca de 20% dos brasileiros declarados católicos as vivenciam.
 
Está assim explicado a fuga de muitos para as religiões evangélicas. Onde não há conhecimento, amor, prática vivencial, não há apego às tradições, à própria origem. Sobre sexo, as informações são freqüentíssimas, todas estatisticamente comprovadas por pesquisas (a filhinha, braço direito da estatística), informando, por exemplo, que a “vida sexual dos idosos está mais ativa”, reportagem do Correio Popular de Campinas de 27/2/07, que o Brasil é o segundo país onde mais se faz sexo (Estadão de 18/4/07), que jovem católico apóia camisinha, mostrando pesquisa que a maioria discorda da proibição da relação sexual antes do casamento (naturalmente tais jovens são católicos apenas de nome).
 
Por quê será que não fazem pesquisas que visem melhorar a prática religiosa, consequentemente o aperfeiçoamento espiritual? Por quê, na realidade não nos preocupamos com o aprendizado catequético, com o incremento das orações, com a vivência religiosa amplamente difundida e praticada?
 
Seria a religião algo descartável, sem importância, pois todo o processo educacional parece cogitar apenas da parte material do ser humano, se olvidando que homem e mulher, possuem alma imortal?
 
Meus amigos: encontramo-nos em ponto crucial da história eis que os caminhos da existência se encontram embaralhados, seus viajores sem orientações de certeza, a grande maioria imersa em dúvidas insuperáveis. Falta só confirmar com pesquisas, petrificando-as com a estatística.
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