A Esperança Cristã (Spe Salvi)
"Spe salvi" (2007) foi a segunda encíclica escrita por Bento XVI e tem como assunto central a "esperança cristã". A obra contém 50 parágrafos, divididos em oito partes. De modo geral, a intenção do Papa é falar abertamente sobre as realidades eternas e do autêntico fundamento da esperança cristã, que é o encontro com o Deus vivo que vem até nós na pessoa de Jesus Cristo, prometendo-nos a vida em plenitude no Reino.
Bento XVI afirma que a vida plena e feliz é um desejo intrínseco ao coração humano. Porém, alcançar tal felicidade não está em nosso poder. Somente na vida eterna com Deus é que poderemos chegar a um estado de realização satisfatório e que jamais se perca, sendo irreversível. Assim, a nossa verdadeira esperança consiste em possuir um dia tal felicidade.
Só Jesus, o Filho do Deus Vivo, é capaz de nos dar a esperança da vida eterna porque somente ele a possui em si mesmo. A nossa salvação consiste na participação na vida plena que Deus nos promete em Jesus Cristo. Por isso mesmo, a Igreja não pode relegar o anúnio do Deus Vivo a um segundo plano. O Papa lembra que a mensagem primordial da Igreja não é de cunho político ou revolucionário, mas sim a de proclamar que o Amor nos amoou e nos aguarda para um encontro definitivo com ele.
Fundamental é a afirmação de que a essência do cristianismo de todos os tempos consiste na mensagem trazida por Jesus e que a mesma não é uma mensagem alienada e sem poder de transformação. De fato, a esperança dada por Deus não é teórica, mas prática, possibilitando realmente a transformação do mundo com base na paz e na justiça. Porém, o Papa condena o marxismo apontando seu erro em colocar a esperança de um mundo melhor baseada no materialismo e no rearranjo econômico, deixando de levar em conta a complexidade do coração humano.
Bento XVI faz também severas críticas à modernidade que pretende criar uma espécie de paraíso na terra baseada no progresso (político, econômico, social, científico, etc.). E mostra que a razão modernista, com seus sonhos e utopias, na verdade produz verdadeiros estragos na evolução dos seres humanos. O Papa insiste que a instauração de um mundo perfeito já, aqui mesmo, não pode ser o fundamento da esperança cristã.
Outro tema bastante pertinente é a relação entre Razão e Fé. Bento XVI não desaprova a razão em si mesma, muito ao contrário. Mas é preciso abri-la às forças salvíficas da Fé. Para ser verdadeiramente humano, o ser humano precisa de Deus. Não um Deus somente pensado e racionalizado mas experimentado e amado.
Amém.
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