Colunistas

Publicado: Quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A estrutura da vida

Ninguém desconhece o valor do alicerce de uma construção. Sobre uma fundação bem calculada e bem executada assenta-se uma obra duradoura, independentemente do nível estético e econômico. Afinal, a parte externa da construção é passível de reparações e reformas sem grandes transtornos. Assim, é evidente que qualquer obra necessita de planejamento adequado que deveria começar invariavelmente pela fundação. No entanto não são raros os casos em que tudo começa pela parte externa, em detrimento da parte escondida, que, afinal, não será vista nem utilizada. Evidentemente um grave erro, responsável por possíveis dores de cabeça mais adiante.

Com a vida não é diferente. Esta, como um edifício que se pretende forte e duradouro, precisa estar assentada numa estrutura esmerada. A vida é algo complexo dependendo de inúmeros fatores, mas podemos destacar como fundamentais: a saúde, a alegria de viver, a amizade, a justiça e a paz. Sobre isso torna-se possível a felicidade pessoal e social.

Falamos da saúde integral: física, mental, psicológica e espiritual. Trata-se de um grande tesouro, dom de Deus, mas que tem muito a ver com nossa herança biológica e com os cuidados, os hábitos, desde os primeiros momentos de vida até o seu final. Algo que requer a ação efetiva dos pais, cuidando, educando, formando para uma cidadania madura e consciente. São os primeiros amigos, conselheiros e modelos, fundamentais na incorporação dos valores que vão moldar o caráter e a personalidade dos filhos. Igualmente a saúde espiritual depende de formação e a família é uma verdadeira Igreja doméstica onde os pais são os primeiros catequistas e evangelizadores das crianças. A vida familiar deve ser uma escola de oração, de fé e de esperança.

Falamos da alegria, não uma alegria boba, mas de uma alegria que vem de dentro, do coração, da alma. Forte para não se abater diante das dificuldades, dos sofrimentos. Momentos tristes sempre existirão, precisam ser enfrentados com vigor, com a seriedade que merecem, mas não podem nos abater, precisam ser vencidos pelas nossas reservas de fé e de esperança. Alegria só pelo fato de existir, alegria cristã, fundamentada em Cristo, na nossa filiação divina, no amor. Ora, o cristão não pode ser alguém triste, pois "tem um Pai infinitamente bom, infinitamente feliz e infinitamente poderoso, e que, além disso, deseja mais do que nós mesmos a nossa felicidade" (Dom Rafael Cifuentes). Lembremos sempre: a alegria é contagiante, bem como o bom humor, o sorriso e o otimismo.

Falamos da amizade, tomada aqui no seu sentido mais abrangente. Não somos ilhas, não fomos criados para o isolamento. Vivemos em sociedade, dependemos uns dos outros. Devemos tanto a tanta gente para chegar aonde chegamos e aonde vamos chegar. Não é possível se realizar e ser feliz sem amigos, sem pessoas com quem possamos contar e em quem confiar, nos apoiar. Dependemos dos nossos pais, primeiros amigos, dos nossos irmãos, dos nossos familiares, professores, colegas de lazer, de trabalho.

Dependemos de orientação, de compreensão, de oportunidades, de solidariedade, de fraternidade.

Dependemos do mundo em que vivemos com o qual devemos colaborar para que se torne o Reino sonhado por Deus, onde reinem a ordem social, a justiça e a paz.

Concluindo, a construção da pessoa começa no berço e a construção da sociedade depende da família. A saúde física e espiritual, o caráter, a personalidade, os valores e as virtudes, a bondade, a fraternidade, a justiça e a paz começam em casa. Ali atinge a mente, o coração, a alma; ali é cultivada e se solidifica através da educação e da vivência dos pais. É claro que não queremos desprezar o importante papel complementar das escolas, da catequese, da Igreja e dos meios de comunicação social, aos quais cabe, inclusive, o papel de apoiar a insubstituível tarefa da família.

Comentários