Colunistas

Publicado: Segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A família e a sociedade

A família é a maior fonte de humanidade e merece ser cuidada como um tesouro precioso.
 
Ninguém tem dúvida sobre a estreita relação entre família e sociedade e a interdependência que deveria reinar entre elas. Infelizmente, o que se verifica é um crescente e recíproco desligamento, causando enormes prejuízos tanto à comunidade familiar que deixa de contar com o necessário apoio da sociedade ou até recebe dela inúmeros ataques, como à sociedade que é o somatório das famílias.
 
Se, de um lado, as famílias merecem severas críticas porque não desempenham a contento seu papel, a sociedade, igualmente, está em falta com as famílias porque não respeita sua importância, nem seus direitos.
 
Sociedade e família já não se entendem mais; a sociedade segue seu caminho, seus interesses, menospreza a família. Quando perguntamos o que aconteceu com a família, é preciso antes perguntar o que aconteceu com o casamento, com o sacramento do matrimônio. E, ainda antes: o que aconteceu com o Homem, com seus sentimentos?
 
Temas éticos e morais, de grande seriedade, interessam nossos governantes e nossos legisladores: aborto, eutanásia, embriões, células-tronco, uniões homossexuais...; muitos acabam seduzidos pelos interesses de grupos minoritários, com fortes prejuízos para a família e para a sociedade. A legislação não só deixa de amparar, proteger e fortalecer a família e seus valores, como os enfraquece.
 
Está nessa linha de preocupação um pronunciamento feito já em 1994, pelo Senador Amir Lando. Em relação à família e aos seus valores, adverte que, quando “os princípios gravados na Constituição não merecem dos governantes preocupação permanente e cotidiana, quando essas disposições constituem letra morta, mais do que nunca é preciso vigilância daqueles que acreditam no Brasil, nos valores éticos e cristãos. É preciso dar esse sinal de alerta à sociedade, porque não podemos continuar nessa inércia permanente de não fazer nada, como se essas questões não dissessem respeito à sociedade e a nós como indivíduos.”
 
Não há dúvida de que estamos diante da desintegração da família. Perde a pessoa, perde a sociedade, perde a cidadania. Como bem lembrou o papa João Paulo II: “A família está no centro de todos estes problemas e tarefas; relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro.”
 
Acrescentem-se ainda as palavras do Senador Francisco Rollemberg: “Para que a família vá bem, é preciso que o País vá bem, que o mundo mesmo vá bem, para que todos, despidos da angustiante necessidade do pão de cada dia, possam encontrar no refúgio do seu lar, da sua casa, o seu repouso, o seu aconchego e a realização dos seus sonhos maiores. Aquele que tem o carinho da esposa, o amor dos seus filhos, que é respeitado, pode trazer para sua casa o atendimento de suas necessidades básicas. Quando isso não acontece, a família vai mal. Vai mal, não porque é pobre ou tão rica. Vai mal porque há uma dissociação afetiva muito grande, que começa com a perda do respeito ao chefe da família. E os órgãos de comunicação vendem uma qualidade de vida ilusória, em que os pecados mais densos e as idéias mais esdrúxulas são apresentados como fatos naturais. A família vai mal quando já não conversa, não troca idéias, não se senta junta no sofá, não se abraça, não se acaricia, não se ama.”
 
O Conselho Tutelar de Pompéia (SP), escrevendo sobre a convivência familiar e comunitária, adverte: “A família é um recurso essencial para o ser humano.[...] Agredir e desprezar a família e seus valores é sufocar a esperança de um futuro melhor. Infelizmente muitas famílias não estão cumprindo seu papel na sociedade, ou melhor, não sabem qual seu papel. Estão destituídas dos valores morais, sociais e humanos”.
 
E conclui que todo ser humano deveria ter o direito de proclamar: “Eu sou feliz, porque tenho uma casa para voltar, uma família para amar e Deus para acreditar”.
 
O Conselho Pontifício para a Família, no documento “Família e Procriação Humana” - 2006, escrevendo sobre a família e a sociedade, lembra que o homem, pela sua condição pessoal, torna-se um ser não só familiar, mas também político e social. Constata-se assim, que “nenhum homem se basta a si próprio, mas tem necessidade dos outros, desde o primeiro momento da sua existência, até à sua morte.” Desse modo, a sociedade humana pressupõe a família, e esta encontra na sociedade o seu complemento.
 
O papa João XXIII, na encíclica Pacem in terris (1963), 9, assim relaciona família e sociedade: “A família, fundada no matrimônio livremente contraído, uno e indissolúvel, é e deve ser considerada o núcleo natural e essencial da sociedade. Para ela são orientadas as medidas econômicas, sociais, culturais e morais, que consolidam a estabilidade e facilitam a realização da sua missão específica.”
 
A sociedade tem necessidade de conservar, proteger e promover a família. Só assim poderá garantir a sua sobrevivência, como bem diz o Compêndio da Doutrina Social da Igreja: “O ponto de partida para uma relação correta e construtiva entre família e a sociedade é o reconhecimento da subjetividade e da prioridade da família”.
 
Pensemos, pois, nos direitos da família, definida pelo papa João Paulo II como uma “comunidade de pessoas”, “comunidade de amor e de vida”, comunidade de pais e filhos”, comunidade de gerações”, “comunidade social de base”, “comunidade de trabalho e caridade”. Na Carta dos Direitos da Família, ressalta: “A família, sociedade natural, existiu ant
Comentários