Publicado: Terça-feira, 14 de julho de 2009
A família vai à igreja!?
“O bem dos cidadãos não pode ser limitado a poucos indicadores materiais, tais como riqueza, educação e saúde. A dimensão religiosa é também parte vital do bem-estar...” (Papa Bento XVI).
Não é nada fácil definir com precisão o que seja a Igreja. Muitas vezes vemos referências à sua beleza, suas riquezas, suas acomodações etc. Não há dúvida que aqui encontramos uma forte correspondência com sua materialidade, com a construção. Igreja-templo, importante, sem dúvida, mas o que nos leva a refletir é algo maior que isso, a instituição Igreja.
Chamada de “Mãe Igreja”, devido ao seu aspecto acolhedor e aos cuidados dedicados aos seus “filhos”; uma grande família. “Comunidade dos seguidores de Cristo”, dos batizados; ou, como bem diz São Paulo: a “Esposa de Cristo”. Esposa fiel.
Cristo e a Igreja são uma coisa só. Bento XVI, em uma de suas homilias, lembrou que “Cristo jamais existe sem a Igreja” (Tertuliano) e que no Batismo somos adotados pelo Pai celeste, mas nesta família que Ele constitui para si há também uma Mãe, a Igreja-Mãe. O homem não poderá ter Deus como Pai, já diziam os antigos escritores cristãos, se não tiver também a Igreja como Mãe.
Li um historinha, de autor não identificado, onde uma pessoa escreveu para um jornal dizendo que não fazia sentido ir à Igreja todos os domingos.
“Eu tenho ido à Igreja por 30 anos, e durante este tempo eu ouvi uns 1.500 sermões. Mas eu não consigo lembrar nenhum deles... Assim, eu penso que estou perdendo meu tempo e, igualmente, os padres!”
Instalou-se uma grande controvérsia na coluna “Cartas ao Editor” daquele jornal, até que alguém escreveu este argumento:
“Estou casado há 30 anos. Durante este tempo minha esposa deve ter cozinhado umas 20.000 refeições. Mas eu não consigo me lembrar do cardápio de nenhuma delas.
Mas de uma coisa eu sei ... Todas elas me nutriram e me deram força... Sem elas, eu estaria fisicamente morto. Da mesma maneira, se eu não tivesse ido à Igreja para alimentar minha fome espiritual, hoje eu estaria morto espiritualmente.”
Como nessa história, corremos o risco de reduzirmos nossa vida ao bem-estar físico, material, esquecendo-nos de que temos uma dimensão espiritual que requer igualmente cuidados e estes incluem, entre outros, participar da Igreja, orientar-se pela sua doutrina, alimentar-se da Palavra de Deus e da Eucaristia.
Achamos muitas vezes que a Igreja não tem nada a ver como a nossa vida particular. Lá sou um, aqui fora, outro. Mas, sem dúvida, ela tem um papel importante na formação moral e espiritual do povo, bem como na condução da sociedade. Esse papel sempre foi de grande importância, muito embora seja tomado muitas vezes como intromissão indevida.
Não é política, mas luta contra a má política; não é legisladora, mas luta pela legislação justa; age como guardiã da moral e da ética, da paz e da justiça... São inúmeras as ações da Igreja nas questões sociais, ambientais e, especialmente na defesa da vida e da família: luta contra o aborto, a eutanásia, manipulação genética, uso dos embriões... Sua força, no entanto, está na nossa participação (que deveria ser mais ativa e mais consciente), no nosso seguimento, no nosso testemunho, nas nossas ações cotidianas.
Unidos na mesma fé: vamos à Igreja porque um dia nos levaram e hoje, levamos aqueles que dependem de nós... É fácil perceber que as famílias se fortalecem quando participam da Igreja. A família precisa ir à Igreja. Se os pais não vão e não dão exemplo, não podem esperar nada diferente dos filhos. Vão a tantos lugares e levam os filhos, porque não à Igreja?
A Igreja é uma comunidade de homens assistida pelo Espírito Santo, logo é santa e pecadora. Muitas vezes transparece apenas seu lado humano e ficamos desanimados, decepcionados, descrentes. Somos maus exemplos de verdadeiros filhos de Deus; vamos à Igreja por ir...
A missão da Igreja reforça e completa a missão das famílias. Ambas têm compromisso com o aperfeiçoamento do ser humano, com sua formação como cidadão consciente e comprometido com o bem comum. Igualmente, ambas têm compromisso com a construção da paz e da justiça.
Tem razão o escritor inglês Gilbert Keith Chesterton (1874-1936): “a Igreja é o lugar no qual todas as verdades se encontram.”
Precisamos de famílias santas, engajadas, unidas, face aos graves desequilíbrios na sociedade. A Igreja deve apoiar as famílias através de iniciativas pastorais e políticas... Questões éticas e morais, defesa da vida, sexualidade, educação, são alguns exemplos.
As nossas convicções cristãs devem-se mostram em primeiro lugar em casa, no trabalho, na escola, na vizinhança; só assim elas podem-se traduzir em glória e louvor de Deus na Igreja. É preciso que “toda a casa” seja cristã, para que “toda a casa” seja salva e que as famílias se tornem redutos de vida cristã num mundo cada dia mais inc
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