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Publicado: Domingo, 5 de maio de 2019

"A Federação" - 114 anos - Estoicismo

Estranho este título numa crônica habitual, vocábulo às vezes a ser erroneamente interpretado, como de pretensa erudição.

De jeito nenhum.

Pura realidade.

Deveras apropriado.

É que estoicismo e pertinácia, quase de perfeita sinonímia entre si, são vocábulos aplicáveis “in totum”, às fases de inaudita força de vontade, - teimosia se quiserem – para se manter uma folha interiorana por mais de um século.

Sequer aqui em Itu, às vésperas do centenário, havia conhecimento de que em todo o estado de São Paulo, circulavam, na época, apenas dez jornais com mais de cem anos, “A Federação” um deles.

Informe trazido por uma jovem de Piracicaba, em visita a este jornal, eis que iria defender tese justamente com enfoque de jornais longevos de nosso estado. Uma referência de elevada qualificação com o fruto plantado com semente originada na intuição do preclaro fundador, Padre Elisiário.

Sem intuito negocial – formativo apenas – “A Federação” diligentemente se plantou no legendário meio informativo de Itu, sob custeio, sempre que necessário, pela Paróquia da Candelária. Costumeiras as idas ao Pároco, para inteirar somas necessárias, entre pequenas e mais elevadas. Quase naturais – se não compreensíveis – apertos de toda sorte na trajetória centenária desta Casa.

Na palavra autorizada do também jornalista, saudoso Paulino Piotto, referia ele, que em determinado período, não fosse a dedicação de dois abnegados, gráfico um e outro jornalista, Cesário Pires de Camargo e Luiz de Campos Filho, anônimos e não remunerados, “A Federação” teria sucumbido. E quantas aperturas mais aqui foram vividas.

Conforta então saber-se trazida essa folha, agora de novo a mãos seguras que, desde já, evidenciam denodo e retorno a que toda atividade na Casa retome passos seguros.

Inspiram saudade – e muita – aquela diretoria e colaboradores, personagens inquietos, 1996 a 1999, sobretudo pela notória simpatia do Capitão Cintra, então Diretor Adjunto, captador prolífico de publicidade. Quase uma constante, terem saído edições comemorativas, apoiadas em datas especiais. Lucrativas obviamente, que explicam o período áureo.

Tenha-se em recordação que a edição maior de todos os tempos, deu-se na comemorativa de fim de ano, 1999, com vários cadernos, num total de 28 páginas!

Fora a época da maturidade.

Para não dizer mais, na vigência desse colegiado é que se procedeu a uma atualização dos Estatutos, aprovada pelo saudoso Dom Amauri Castanho, jornalista emérito. Visto antes em Cartório tal documento, constatou-se que o último registro datava de 1917.

Sejam 2018 e 2019 preâmbulos de um a retomada de posição.

Tudo resulta enfim do mesmo critério, o da intuição, quase de ordem sanguínea, que envolve o pensar e o anelo de pessoas inclinadas às letras. Nessa área, muito mais do que cartilhas, livros e diplomas, vige o da espontaneidade.

O jornal “A Federação” aqui está, ainda alquebrado de tratos equívocos, mas com têmpera de herói e perseverante.

 

 

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