A força do exemplo...
Estamos vivendo tempos difíceis para educar nossos filhos. É muito grande o volume de informações que a pessoa recebe diariamente e poucos têm condições e tempo para digeri-las. Some-se a isso a grande velocidade das mudanças sociais que não respeitam os direitos, os valores e a dignidade da vida.
Em consequência, vem-se observando uma forte degeneração nos costumes, em paralelo com o enfraquecimento da família e da escola. As nossas crianças entram muito cedo em contato com o meio externo controlado pelos adultos e seus interesses. Os meios de comunicação são cada dia mais fortes e quase soberanos como formadores de opinião. Sem controles adequados, ignoram valores, parâmetros e escrúpulos. Valendo-se da velocidade e do volume das ofertas, propostas, orientações e mensagens, massificam sobretudo adolescentes e jovens ainda sem a maturidade necessária para questionar aquilo que veem e ouvem.
Falta seriedade em nossa sociedade. Faltam bons exemplos, que representam um papel insubstituível na educação dos mais novos.
As crianças têm grande poder de aprender. São como esponjas que absorvem tudo que está ao redor: sujo ou limpo. Elas tendem a imitar os mais velhos. Decorre daí a grande responsabilidade dos pais, professores, dos produtores e apresentadores de programas de televisão sobretudo os liberados para o público infantil. Já os adolescentes e jovens têm uma forte tendência a seguir os colegas e os comportamentos dos grupos.
Infelizmente, a vida moderna leva os pais a passarem a maior parte do dia fora de casa sendo obrigados a delegar a educação dos filhos. Especialistas constatam que os resultados nem sempre são saudáveis..., tornando-se urgente, por parte dos pais, uma revisão do equilíbrio entre a vida dentro e fora do lar.
É preciso ter muito claro que, se os bons exemplos são fundamentais, os maus são igualmente fortes e cruelmente deseducadores. Estes acabam alimentando os desvios morais e o desrespeito para com o bem comum e para com a vida que já agoniza em nosso planeta.
Estamos vivendo uma verdadeira banalização dos costumes; hoje tudo é permitido, tolerado e tido como normal, coisa dos tempos modernos. Aquilo que se observava em relação aos maus exemplos perante os menores: “pare com isso”, “não faça isso”, “olhe as crianças...”, parece coisa do passado. Hoje todo mundo está exposto a tudo, tudo é explícito na TV, na internet e nas redes sociais. Daí as deformações comportamentais que estamos presenciando...
Para nós cristãos a responsabilidade aumenta, já que o nosso parâmetro é Cristo. Assim, somos cobrados por uma coerência de vida entre a nossa fé e o nosso comportamento. Nem sempre pensamos nisso e muitas vezes negamos aqui fora a fé que professamos na Eucaristia.
Aliás, Cristo por diversas vezes advertiu os fariseus e doutores da lei sobre a falta de coerência entre o que pregavam e o que praticavam: o famoso “faça o que eu mando, não faça o que eu faço”.
Isso precisa ser anulado, sobretudo pelos pais e educadores fazendo valer a outra máxima: “faça o que eu faço”, na certeza de que a força da educação está nos exemplos práticos e, como afirma o padre e psicólogo Elísio Mello (Família Cristã – Abr/2011): “É mais provável que, no decorrer de suas vidas, eles copiem como comportamento menos o que ouviram dos pais e mais o que testemunharam desses”.