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Publicado: Quarta-feira, 21 de maio de 2014

A hora da bola

Em meio a grande expectativa, foram anunciados os nomes dos jogadores que atuarão pelo Brasil nesta Copa do Mundo, de 2014, a segunda a ter sede neste país.

O experiente técnico, Luís Felipe Scolari, agora bem mais calmo e prudente, mesmo assim confiante como nunca (o que afinal é bom!), não causou surpresa na escolha dos atletas.

Para não dizer que nada se comentou a respeito, ouviu-se dizer aqui e ali, apenas e tão somente, que Robinho não fora convocado. Não houve nem crítica nem elogio de ninguém sobre isso. Leve e pequena dúvida, quanto ao nome do Henrique. Nada mais.

De qualquer modo, entre os milhões de técnicos brasileiros, o povo enfim, poderia lembrar que alguns jogadores, ainda jovens, teriam sido esquecidos, porque o seu futebol esmaecera um pouco: Kaká, Pato, Ganso, Ronaldinho e outros mais.

O Brasil, no embate mundial do futebol, vitoriou-se por cinco vezes e, próximo de si, tem somente a Itália. Mesmo assim, ainda que viesse a triunfar agora, a aguerrida Itália apenas se igualaria como pentacampeão.

Escutam-se comentários de variadas fontes a assegurar que o fantasma da Copa de 50 não assusta nem um pouco os brasileiros.

Um sexto campeonato, porém, em chão nacional, concorreria sim para apagar a lembrança daquela inglória tarde de 16 de julho, na inauguração do Maracanã.

Este cronista, então aos doze anos, nem pelo rádio ouviu aquele jogo – que outro tipo de transmitia não havia – eis que essa partida coincidiu exatamente com o horário da tradicional procissão de Nossa Senhora do Carmo, de que ele participara.  Era aluno do inesquecível Seminário Nossa Senhora do Carmo, internato, prédio hoje ocupado pelo Colégio Anglo, na Praça da Independência, mais comumente dita como Largo do Carmo.

Finda a celebração religiosa, o retorno aos interiores do Seminário deu-se em carreira quase desabalada, até o rádio disponibilizado no pátio. Conforme os meninos chegavam, os mais ligeiros já vinham de volta, acabrunhados, a antecipar a notícia do desastre:

- O jogo acabou. O Brasil perdeu.

Não se consegue afirmar se o lanche daquele começo de noite terá sido tomado com prazer.

É que um clima de luto abrangera tudo e a todos.

 

 

 

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