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Publicado: Sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Inocência foi Embora

Não anda sendo gostoso viver como antigamente, bem antigamente. Naqueles idos tempos, carregávamos um sorriso nos lábios, tudo traduzia bondade e encantamento. Não pensávamos em coisas ruins. Todos pareciam atenciosos e simpáticos e as conversações eram leves, impregnadas de otimismo, do esfuziante entusiasmo de viver.
 
As programações eram constantes: passeios, visitas, tudo na maior alegria, sem qualquer sombra de maldade. Hoje decorridos tantos anos, parece que não nos reconhecemos e que lá fora existe um perverso mundo, onde as pessoas não sorriem mais, as divergências são irreconciliáveis e a beleza de tudo desapareceu.
 
Somente os dias continuam lindos, no outono ensolarado e de céu azul, querendo nos estimular a termos bons pensamentos de alegria e de otimismo. Mas, se abrirmos a porta para esse mundo exterior maravilhoso, já escutamos os uivos do rancor, o palavreado do inconformismo e da insatisfação.
 
Diálogos lastimosos, cheios de amargura, sorrisos hipócritas, desconfiança, indiferentismo, toda aquela fabulosa gama de falsidade, característica dos iníquos, dos escribas, dos fariseus, dos saduceus et caterva... Esse, porém e infelizmente, é o mundo que temos pela frente.
 
Temos de conduzir o nosso barco por rios perigosos, cheios de ilhotas e corredeiras. Aí é que notamos que a inocência foi embora... Era tão bom quando tudo nos maravilhava e sorria, as coisas más, dominadas ou subjugadas. A modernidade não nos afetava, nem a técnica das implosões, ainda incipiente ou desconhecida.
 
Quando essas começaram, tudo foi mudando. Como açudes que se romperam ou vulcões que entraram em erupção, águas indomáveis, lavas incandescentes desceram as encostas e destruíram o que havia pela frente. O sexo fácil destruiu a família, os prazeres antecipados levaram às drogas, a criminalidade cresceu ainda com a frustração econômica (desejos consumistas impossíveis, face a pobreza reinante), a vida e o mundo viraram enorme e desastrado “saco de gatos”.
 
A inocência não poderá voltar? Recomeçar, reconstruir, reconverter sempre é possível, inobstante saibamos quão difícil seja. Todavia, não podemos perder a esperança e sabemos que a vida é verdadeira batalha que exige espírito de luta, coragem e confiança na vitória.
 
Não podemos esquecer, outrossim, que somos criaturas diletas do Criador que nos enviou seu próprio Filho para nos redimir do pecado. Com esse pensamento certamente encontraremos forças para prosseguir na luta diária.
 
Subjugando o inimigo, saneando o exterior, poderemos vir a reencontrar aqueles ambientes que precisam voltar a existir: que ninguém não fale mal de ninguém; que todos colaborem com todos e que, ao menos, saibam sorrir.
 
Precisamos nos desintoxicar. Ver sempre as pessoas com bons olhos. Impedir que maus juízos sejam uma constância para que se possa concluir: apesar de tudo, a vida vale a pena ser vivida.
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