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Publicado: Segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A lição da América

O mundo acompanhou atentamente toda a evolução da campanha presidencial dos Estados Unidos e, praticamente parou, para viver a terça-feira da memorável eleição, a de 4 de novembro deste 2008, que caminha célere para seu final.
 
E de algum modo, principalmente para os americanos do norte, há sim a pressa de que chegue logo o tempo novo, com a posse do eleito, Barack Obama.
 
É inegável, no entanto, que todas as nações deixam transparecer uma esperança de profundas mudanças na política mundial, dado o reflexo que dela advém para todos os povos e países. Uma política de menor arrogância e menor imposição, do abrandamento do furor belicoso e de melhor aproximação com a América Latina em especial. Tão verdadeiros esses anseios que, Bolívia e Venezuela, tiveram comentário favorável à escolha de Obama.
 
O carisma do primeiro presidente negro, aos quarenta e sete anos, cujo porte e postura passam a imagem de alguém até mais jovem, provocou o maior comparecimento de eleitores na história da América do Norte, em todos os tempos.
 
Altanaria, no pronunciamento de Mc Cain, ao declarar publicamente de que gostaria que a avó do Obama, falecida um dia antes do pleito, participasse da comemoração do neto. Este, por sua vez, também elegante, declarou que poderia não ter ganho os votos atribuídos ao adversário, mas que irá ouvir a sua voz e precisar de sua ajuda.
  
E é dessa particularidade, da consciência e maturidade dos cidadãos, que se vai buscar o propósito desta crônica.
 
Exatamente.
 
Sem a pretensão de esmiuçar aspectos econômicos e que tais, tarefa dos técnicos, é admirável o senso de responsabilidade de um povo evoluído.
 
Como de propósito se intitula este comentário, de lição da América, tem o povo brasileiro muito a aprender com esse pleito presidencial.
 
A começar de que lá o voto não é obrigatório e que somente em alguns estados se concedem duas horas ao empregado para votar. Formaram-se filas imensas, algumas debaixo de chuva. Sessenta e seis por cento dos votantes compareceram, superando o recorde anterior, de sessenta e quatro por cento, na eleição do presidente Kennedy.
 
Uma lição a ser aprendida, com vistas à valorização do voto e da força que cabe ao povo, se quiser exercê-la e de proceder ao necessário expurgo de nomes inadequados. Aqui se está muito longe desse amadurecimento, mas valha e sirva a lição.
 
Embora timidamente, no Brasil, as mudanças também se operam. Figurões de outrora, alguns ainda a teimosamente querer retornar, vem sendo esquecidos, ao longo dos anos. Mesmo os seus protegidos, uma vez execrados os padrinhos, já não conseguem herdar sua influência.
 
Conceda-se você mesmo a si o trabalho de uma reflexão e procure recordar quantos políticos que têm saído de cena ultimamente. É um efeito gradual de depuração, a molde de uma ampulheta, que demora, mas não para.
 
Nessa busca de aperfeiçoamento e num processo natural de evolução, se houver esmero no aprimoramento da cultura do brasileiro, com oferecer-lhe escola e comida, um dia se chega lá.
 
As estatísticas, se dão conta de que ainda falta muito, também assinalam que se está a sair da estagnação.
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