Publicado: Sexta-feira, 24 de outubro de 2008
A Mística Tragédia de Eloá
A mídia deu cobertura fantástica à tragédia de Santo André, onde jovem perdidamente apaixonado seqüestrou a namorada, de apenas 15 anos de idade, portanto, uma criança. Banalíssimo assunto, entre os tantos horrorosos que temos conhecimento quase todos os dias.
Podem estar certos que a maioria esclarecida abominou o assunto e a enjoativa cobertura midiática. A triste notícia da morte da menina veio com o nobre e magnífico gesto da mãe de doar todos os órgãos de Eloá.
Aqueles que se encontram na fila dos transplantes, aguardando órgãos de eventuais doadores, e rezam constantemente para saírem da triste situação em que se encontram, vêem suas preces atendidas quando ocorrem trágicos episódios como este de Santo André.
Aí se encontra a mística da questão: há necessidade de mortes violentas (de preferência), sempre indesejadas, para a sobrevivência ou cura de outras pessoas. Não podemos compreender essa “mística celestial”, por isso sempre entendi como grande nobreza e resquícios de santidade (salvo ignorância) os gestos daqueles que antecipadamente autorizam a doação dos próprios órgãos por ocasião da morte.
Com tristeza vejo a foto da gentil menina num pequeno caixão e concluo que deveria ser pequenina e delicada. Refletindo sobre o pesaroso acontecimento, concluo ainda que a formação educacional de Eloá foi desastrosa, fato que deve ocorrer com a generalidade dos nossos infantes, recebendo toda a carga não instrutiva da televisão e sofrendo carente formação moral e religiosa.
Na mística Divina, porém, acredito piamente, se houver algum dia modificação nos cânones de beatificação e santificação, acolhendo as inovações dos costumes hodiernos, que a pequenina Eloá terá requisitos suficientes para receber a honraria.
O coração da digna menina hoje bate no peito da paraense Maria Augusta, de 39 anos, com chances de prosseguir vivendo; uma adolescente de 12 anos recebeu o seu fígado; o pâncreas e os rins foram doados para um rapaz de 25 anos; os pulmões foram transplantados para uma jovem de 18 anos e as córneas encaminhadas para serem aproveitadas. O corpo da menina Eloá levado à sepultura, praticamente, se encontrava em pele e osso!
Resta-nos dizer alguma coisa sobre Lindemberg, o jovem de 22 anos, motivador do infausto acontecimento. Também foi carente de educação adequada e com distúrbios psicológicos ensejou toda a tragédia.
A sociedade o condena. Os transplantados não lhe podem querer mal. Muitos princípios, a esta altura, podem ser recordados, como aquele de que “não há males que para bem não venham”. Os sofrimentos da vida sempre serão um mistério. Entender a mística Divina acredito que somente seja possível na Eternidade.
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