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Publicado: Quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A Morte de Campos: Tendências Jornalísticas

Crédito: Internet A Morte de Campos: Tendências Jornalísticas
Acidente aéreo ceifou a vida de Eduardo Campos, 49 anos.

Qualquer tragédia, com qualquer personalidade pública, gera comoção em maior ou menor grau. Foi o que aconteceu hoje, no acidente aéreo que ceifou a vida do presidenciável Eduardo Campos. Diante do fato, ao menos aqui no Brasil, a tendência é ocorrerem uma série de reações. Analisemo-nas:

Canonização - Morreu, virou santo. A força da comoção faz com que sejam esquecidos quaisquer defeitos ou malfeitos no passado da pessoa falecida. Porém, poucos neste mundo são unanimidade a ponto de morrerem sem defeitos consideráveis. Seguem-se infindáveis elogios, tanto dos amigos (questão de lógica) quanto dos inimigos (demagogia pura).

Sensacionalismo - As rotativas não podem parar. Ou melhor: a internet não pára. Jornalistas e repórteres começam suas especulações (disfarçadas de "análises") para gerar notícias. No caso de Eduardo Campos, sequer aguardaram seu funeral para questionar como sua morte afeta a corrida presidencial. Fica aberta uma verdadeira caçada a amigos e parentes do defunto, para obter depoimentos emocionados.

Humor Negro - O jornalista José Simão cunhou a afirmação na qual o Brasil é o "país da piada pronta". Basta uma olhada nas redes sociais para averiguar que o brasileiro tira sarro de tudo e de todos, para agrado e desagrado de muitos. Nem mesmo as tragédias são deixadas de lado. No caso de Campos, poucas horas após sua morte anunciada, já era possível ver comentários jocosos sobre o fato na internet.

Politicamente Correto - São os comentários ou artigos dos jornalistas que não compactuam (ou assim pensam) com as tendências de canonização, sensacionalismo ou humor negro em torno de certos acontecimentos. Assim, tecem um discurso no qual condenam vigorosamente os que utilizam tais expedientes. Mas isso apenas porque não eles mesmos não têm o privilégio de estar no meio dos furos de reportagem. Tivessem uma oportunidade exclusiva, não teriam pudores para obter uma manchete exclusiva sobre a tragédia do momento. Há exceções, óbvio.

É claro que Eduardo Campos não era candidato a santo. Ele era candidato à Presidência da República. É claro que se deve respeitar o luto da família. Mas a conjuntura das eleições majoritárias de outubro irá mudar. É claro que o humor deve ter limites. Mas sem cair na censura prévia, que é um golpe na liberdade de expressão. Os que sobrevivemos às pequenas e grandes tragédias do cotidiano, devemos colocar cada coisa em seu próprio quadrado.

Triste mesmo é a memória curta do brasileiro em geral. Quem hoje se lembra de Luís Eduardo Magalhães ou Tancredo Neves? Nas eleições de 2018, lembraremos da trágica morte de Eduardo Campos? Lembrarei eu que escrevi um artigo sobre isto?

Que Deus console e conforte os familiares e amigos do ex-governador de Pernambuco, falecido num mesmo 13 de agosto, igual ao seu avô e inspirador político Miguel Arraes.

Amém.

 

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