A murta que mora ao lado

Do que adianta ter um pomar lindo, com limão cravo, mexerica e acerola, se a cerca viva é de murta?

Esta semana recebi uma ligação de um proprietário de um pomar de limoeiros que falou que as folhas e os frutos estavam amarelados. Ao chegar na entrada do local, descobri a causa do problema: nada mais, nada menos que 350 metros de murta, ou seja, 350 metros de problema - e que problema!

A murta (Murraya Paniculata), também conhecida como falsa murta, cafezinho ou murta-de-cheiro, é uma planta ornamental originária da Ásia, muito utilizada em Itu e região, e sensível a cochonilhas, pulgões, nematódios, moscas-brancas e clorose férrica. Se você se assustou, calma que agora vem a melhor parte: a murta está no Brasil desde 1942, mas somente em 2004 foi descoberto que é hospedeira de uma bactéria associada ao huanglongbing (HLB), também conhecida como greening. O malandro da história é um inseto chamado Psilideo (Diaphorina Citri), que transmite de uma planta contaminada para plantas sadias a bactéria e, quando isso ocorre, os vasos do floema da planta entopem, impedindo a circulação da seiva elaborada. Com o tempo a planta fica debilitada e definha até a morte.

O assunto é tão sério que em estados como São Paulo e Paraná, que são estados produtores de laranja, foi iniciado o processo de erradicação da murta. Desde 2008, no Paraná, é proibido o plantio, transporte, comércio e produção da murta.