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Publicado: Sexta-feira, 8 de junho de 2007

A página 2 de todos nós

A página 2 de todos nós
Posso parecer estranha, mas tomo um enorme susto com a hipocrisia MATRIX das pessoas em relação ao mundo que as cerca. Hoje, dedico esse artigo aos gays. Mas, dedico de coração à ousadia e a vida anti-hipócrita dos gays do bem que conheço e que pertencem a minha vida.
 
Na beira da parada Gay, o Ministério da Saúde se manifestou querendo reduzir danos em relação ao uso de drogas, aproveitando uma parcela da sociedade ousada e acrítica na relação com as mesmas. Grande filão de visibilidade e campanha de massa!
 
Mas quem assinou em baixo que isso é um comportamento gay?
Que bobagem! Isso apenas tem mais transparência junto a todas as bandeiras gays já levantadas, e de longe compõem estatisticamente a vida dos míopes e não míopes do nosso mundo cotidiano.
 
As drogas não são privilégio gay ou problema de polícia. Nem de longe. São problema de saúde publica, enfiados debaixo do tapete, de difícil embate e de poucas soluções. Vencida a barreira hipócrita de que achar que o uso das drogas é moral, a saúde publica entrou em cena, com uma política de combate aos danos que as mesmas causam.
 
São batalhas diferentes, é muito cruel a mídia misturar os conceitos e invalidar as propostas.
 
Um dependente químico mergulhado num universo paralelo das drogas (seja ela qual for) demora muito tempo pra encontrar espaço, compreensão e tratamento pra sua doença. Em paralelo, criou-se um vácuo pra combate dos danos causados por essa doença. A orientação é necessária, é muito difícil reverter às estatísticas que inflaram o mundo de pessoas mortas por overdose, infectadas pelo vírus da AIDS, hepatite e outras doenças físicas e sociais...
 
Na defesa, o Ministério da Saúde mostra mudanças importantes na porcentagem de infectados com o vírus da AIDS nos últimos 13 anos: queda de quase 50% . As notificações compulsórias de doenças transmitidas pelo uso de drogas caíram 70 % e criou-se quase 140 centros de atenção psicossocial para o combate ao uso de drogas e álcool.
 
Agora, fale sério: são os gays que deterioram o mundo por um comportamento amoral ou nós gostamos da postura cômoda de não enxergar o vizinho, o amigo do filho, o primo ou outro qualquer próximo com o mesmo problema?
A postura do Ministério foi ousada. Mal interpretada. Intencionalmente bem direcionada pra deixar uma festa mais colorida e legítima. Erros acontecem pra gente entender o caminho a percorrer.
 
E você, aí, páre e pense se há necessidade de engrossar o caldo da hipocrisia dizendo que esse assunto só interessa aos muito diferentes.
 
Procure apenas ser coerente e enxergar que do seu lado existe alguém que precisa dessa orientação sem cara de absurdo ou transgressão moral. E te garanto: não são os gays.
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