A Previdência desmantelada
Viagem serena, velocidade comedida, nos limites permitidos.
Foram duas horas, de Itu a Amparo.
Cidade conhecida e aprazível, em que morei e onde, concursado, fui admitido em 1960, no sempre bem lembrado IAPI, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, órgão que assegurava pensão e aposentadoria, aos empregados nas indústrias, dentro da normalidade e com critério. Transferido para Itu em 1961, convivi com tantos amigos, a começar da pessoa do Agente, se. Benedito, que na intimidade atendia pelo apelido de Pereca, Prof. Corintho Galvão de Toledo, dona Denise Fávero Salvadori, Prof. Otinilo Galvão Pacheco, dona Celina Gardiman, o simpático Zulu, o sr. Aldo Raggio e esposa dona Antonieta, o tesoureiro Sr. Marques, Jurandir Romanatto, sra. Carmelita Bruni, sra. Rita Oliveira e toda uma plêiade, cujos nomes não me ocorrem de pronto, eis que a memória já me trai há algum tempo.
Não poucos tiveram já entregues sua alma na paz do Senhor, além de que, alguns mais novos, possivelmente, tenham alcançado ainda na ativa ocupação nos dois sistemas, o primitivo e o unificado.
Toda essa menção a nomes de outrora se cognomina como pura e saudosa homenagem.
Na mesma eficácia de atendimento, seguiam também os institutos do IAPC (comerciários), IAPB (bancários), IAPTEC (empregados nos transportes e cargas) e outros menores. Todos na mais perfeita e desembaraçada rotina, autônomos e distintos, de economia e solidez equilibradas.
Mesmo que algum deles viesse a apresentar problemas de qualquer ordem, seriam elas de pronto detectadas de per si, sem reflexos nas congêneres. Um mal no braço de alguém, pouco influi no restante do corpo. Haja vista que o majestoso prédio do hoje desditoso INPS, na Praça Padre Miguel, fora construído pelo IAPI, antes da década de cinquenta, com o fito de sublocar o andar superior, mas no final utilizado no seu todo.
Sistema sábio e adotado em outras nações e, por isso, equilibrado. O da diversificação em instituições específicas a trabalhadores de cada atividade.
Mas...
Em 1964, com a mudança no regime, a primeira e mais precipitada das pretensas reformas, adveio a inoportuna e descabida unificação da Previdência Social no País. Afoiteza e inexperiência no ramo, resultaram no desastre de hoje.
Capitulou rapidamente essa desditosa fórmula, instituída sem mais estudos ou cuidados, com os brasileiros desassistidos e agora sob projeto que mais ainda sufoca o comum do povo, o de reformar esse produto atual, já de parcas aposentadorias, sob infame conglomerado de filas intermináveis, no amontoado do Instituto único, INPS.
Errar é humano, conceda-se.
De se indagar então, senão do óbvio, ao menos de alguma memória do que já se fizera de bom e eficiente, para se retornar à formula experimentada e solidificada no passado, com instituições separadas para cada ordenamento de trabalhadores.
Não se trataria, portanto, de “reforma” daquilo que não deu certo e, sim, de mero retorno aos tempos de eficiência.
Ademais, há que se pensar que os brasileiros não suportam tantas injunções, as precipitadas e desastradas, no mais das vezes na direção dos fracos e das camadas humildes da população.
Dentro do bom senso, hoje, mais do que reforma, seria o mero retorno ao sistema previdenciário de antanho, a despeito de adaptações desafiadoras numa primeira fase, mas sob o conforto e conquista de simples direito dos trabalhadores.
Retornaríamos a tempos novos de Previdência solidificada, diferentemente da imposição de mais agruras ao povo.
A Previdência recuperada.