Publicado: Terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
A Quaresma de cada um
“A chegada do Reino de Deus exige de nós sinais concretos de conversão.”
Estamos em plena Quaresma e rumamos para a Páscoa – passagem da opressão à libertação, da morte à vida plena; passagem para uma situação melhor, livre das tantas amarras que vamos colecionando ao longo dos dias.
A Quaresma nos chama à conversão, a um reordenamento da nossa vida, dos nossos comportamentos. Isso implica uma profunda faxina: o que faremos com nossos apegos?
Somos convidados a fazer a experiência do “deserto”, isto é, olhar para dentro de nós para nos conhecermos melhor, para sabermos o que temos, do que realmente precisamos, o que somos, nossos verdadeiros valores. Enfrentar o deserto pode significar largar nossas seguranças, nossa situação aparentemente confortável, acomodada.
Sem isso, dificilmente mudaremos nossa vida, e não conseguiremos grandes coisas se não aceitarmos nossas limitações. Sem isso não aceitaremos os outros, não os compreenderemos; o mundo nos parecerá sempre estranho, hostil e as pessoas, nossas rivais. No fundo não conseguiremos olhar para o mundo e para as pessoas com os olhos de Cristo. É preciso mudar!
Mas afinal, mudar o quê? O egoísmo, o orgulho, a falta de humildade, falta de caridade, falta de fé e de boa vontade...
É preciso deixar nossa desobediência! Quantas vezes resistimos à Vontade de Deus e às suas leis naturais!
Nossa Quaresma é sempre possível... basta ter coragem e determinação para dar um basta na acomodação, na mania de deixar para depois as coisas importantes que devem ser tratadas o quanto antes...
“Se alguém quer me seguir...toma cada dia sua cruz...”. Se queremos mudar, é preciso aceitar e enfrentar as cruzes que a própria vida nos impõe.... Quem foge da cruz não experimenta a glória. A humildade, a solidariedade, a fé e a oração são armas eficazes. Só assim venceremos a tentação do orgulho, da auto-suficiência. Se o próprio Cristo aceitou a ajuda do Cirineu, quem somos nós? Mas é bom lembrar que há muita gente precisando de “cirineus” e que este é um papel que devemos desempenhar.
Se queremos mudar, é preciso fazer a experiência do perdão, sem o que fica impossível a tão necessária reconciliação e a vida torna-se árida e desumana.
Se queremos mudar, é preciso fazer a experiência da misericórdia e do Amor de Deus, da caridade, da compaixão, da partilha, da fraternidade...
A Quaresma nos interroga sobre as incoerências humanas. Por isso é preciso comprometer-nos com a verdade do Evangelho, e não com a mentira dos homens.
Deus sabe do que somos capazes, e continua acreditando em nós, esperando de nós uma virada, uma mudança na nossa realidade pessoal, na realidade da família, da sociedade e do mundo. A história do nosso tempo está em nossas mãos e não podemos ignorar que dela depende o futuro da humanidade. Será que vamos ter a coragem de aceitar a graça de Deus, e colocar suas palavras em prática? Só assim, a História do povo de Deus poderá ser escrita com Igualdade, Fraternidade, Paz e Alegria.
“Por vossa misericórdia, transformai-nos, Senhor!”
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