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Publicado: Sábado, 20 de janeiro de 2007

A Ronda da Pobreza

A Ronda da Pobreza
A pobreza em si não é um mal. Aliás, o mal não pode ser corporificado e depende sempre do nosso posicionamento interior. Até de venenos, como o da cobra, pode-se extrair o bem, como os antídotos contra picadas mortais. Constatamos, outrossim, que o Redentor da humanidade, preferiu optar pela pobreza, realçando a sua dignidade, do que contemplar riquezas e grandiosidades, com valores absolutamente positivos. A pobreza nos circunda; talvez se apresente em todo o mundo, de forma e maneiras diversas, mas no Brasil, todos os ângulos da sua fotogenia nos são conhecidos.
 
A pobreza pode ser o estado inicial de quase todas as vidas humanas; não é estática, mas dinâmica. Isto significa que o trabalho, jamais indispensável, pode transforma-se em riqueza. É o sonho de todos nós. Todos lutam para superar obstáculos e, no fundo, no fundo, querem se tornar ricos. Tornando-se ricos, porém, os bem formados, os que conservam inatas a gênese divina e cristã, não se olvidam de manter o espírito de pobreza, recomendado no belíssimo sermão da montanha. Ricos, mas desprendidos, solidários com os companheiros que ainda não atingiram esse estágio.
 
O entristecedor são as seqüelas das lutas sem fim motivadas pelo avanço da modernidade. O mundo consumista dos nossos dias deixando de lado preceitos evangélicos, pelo indiferentismo ensejado pelas filosofias agnósticas, prenhes de materialismo, dificulta ou impede a plena solidariedade. Há dificuldades em se despojar de bens, inclusive supérfluos ou abundantes.
 
Para melhor compreensão do tema, nada melhor do que exemplificar: quem possui trinta camisas, vinte calças ou dez pares de sapatos, tem dificuldades em se desfazer de 30% desses bens, porque ainda não se aperfeiçoou espiritualmente, no sentido da partilha e do desprendimento. Está faltando evangelização aperfeiçoada ou seja, formação religiosa adequada, porque se fôssemos fazer estatística, chegaríamos à conclusão que estamos praticando cristianismo de quinta categoria.
 
Há esforço de governantes, das já admitidas e abrangentes “ongs”, associações de todos os tipos objetivando diminuir as chamadas desigualdades, promover melhor distribuição de rendas, etc., etc., tudo para que a pobreza não se atole no lamaçal da miserabilidade. Há expectativa no sentido de que os atuais miseráveis sejam resgatados em sua dignidade humana, vivenciando a pobreza como proclamam as normas cristãs.
 

A pobreza digna, realçada pelo Filho de Deus quando veio ao mundo, precisa continuar nobilitada e não ser estigmatizada pelos ricos. Isso porque, segundo os ensinamentos evangélicos, o emblema da verdadeira pobreza -material e de espírito (humildade)- constitui passaporte livre para ingresso na eternidade feliz.

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