A sala de aula afetiva
Do que professores a alunos precisam? Alunos com quem já conversei, frequentemente reportam que os professores não os escutam e que tudo que os professores querem é que os alunos fiquem quietos e entreguem suas tarefas no prazo certo. Resumindo, o que os alunos dizem que eles querem mais do que tudo é que professores e outros adultos os escutem, os respeitem e tenham consideração por aquilo que eles precisam.
Professores querem que os alunos sejam mais responsáveis pelos seus comportamentos e aprendizado. Eles querem ter mais tempo para dar atenção às necessidades individuais de aprendizado e ver um aprendizado mais comprometido acontecendo em sala de aula. Eles querem que as politicas educacionais respeitem mais os alunos e encorajem interações de mais respeito entre os alunos. Para eles mesmos, gostariam de ter relacionamentos de mais respeito com administradores e colegas de trabalho.
Para satisfazer as necessidades de ambos, alunos e professores, minha sugestão é que os relacionamentos sejam, de uma vez por todas, colocados no centro da atenção de uma sala de aula. Em uma sala de aula afetiva, a segurança, confiança, as necessidades dos alunos, as necessidades dos professores e habilidades de comunicação são considerações tão importantes quanto história, português, artes, ciências ou qualquer outra matéria acadêmica. Os professores podem achar que estas novas considerações vão requerer mais trabalho para eles. Entretanto, eu espero convencer todos de que o tempo gasto criando segurança e confiança e melhorando as habilidades de comunicação vão proporcionar aos educadores o que eles mais querem – uma comunidade de aprendizado com compaixão aonde o aprendizado comprometido floresce.
Estudos mostram que o aumento da segurança e confiança resulta em mais cooperação, menos conflito e menos práticas de bullying em sala de aula. Alunos se tornam mais sensíveis às necessidades dos outros e a empatia aumenta entre professores e alunos assim como entre os próprios alunos. Além disso, notas melhores nas provas e uma melhoria na habilidade de aprender novas habilidades também já foram percebidas.
Apesar disso tudo, sabemos que muitos alunos e professores não se sentem seguros nas escolas. Pressão e stress, na sala de aula e nos pátios, tem muita coisa na vida escolar que contribui para o aumento da ansiedade e medo. Violência física nas escolas é o sinal mais óbvio de que não existe segurança para os alunos. O medo que estes incidentes causam, geram efeitos profundos nos alunos e suas famílias.
Muitos pais com quem já conversei sentem-se com medo de mandar seus filhos para a escola. A prática do bullying cria um clima de terror e aflição que ameaça a segurança física e emocional de todos os alunos. É muito difícil se manter focado nos estudos quando você está tentando se recuperar de uma ação de um agressor ou prevendo a próxima!
Portanto, já passou da hora de educadores, administradores, pais, alunos começarem a reaprender a resgatar valores de confiança, amizade, respeito, tolerância e compaixão nas escolas, em casa e em suas comunidades.
A maneira como todos nós comunicamos nossas necessidades e a maneira como ouvimos as necessidades dos outros é o fator determinante para que estas necessidades sejam atendidas ou não. Em uma sala de aula afetiva, aonde relacionamentos são colocados no centro das atenções, professores e alunos tornam-se conscientes das formas habituais através das quais expressam suas necessidades e praticam maneiras novas de expressarem estas mesmas necessidades que têm chances muito maiores de serem bem sucedidas. Eles também praticam a arte da empatia – de ouvir seus próprios sentimentos e os dos outros.
Sem dúvida nenhuma, uma sala de aula focada na segurança emocional e confiança dos seus alunos é a base sólida para que o aprendizado aconteça. Para se criar tal ambiente é de vital importância colocar o estudo dos relacionamentos no centro do currículo escolar, juntamente com as matérias “importantes”.