Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

A televisão merece controle!

Parece que estamos vivendo a era da insegurança.

São tantas as ameaças contra nossa vida e nosso patrimônio que nos sentimos fracos frente aos inimigos.

Convivemos com grades, trancas, cadeados, câmaras, guardas, portarias ... além, é claro, dos seguros. Seguro de tudo!

Bens materiais garantidos, vida relativamente protegida, o jeito é "desencanar" e tocar adiante.

Mas... e o nosso patrimônio moral, emocional, sentimental, estaria tudo isso protegido? Estamos dedicando-lhe a atenção e os cuidados que merece?

Ele sofre ameaças tão fortes quanto nossa vida e nossos bens materiais.

Voltemos o pensamento para o nosso lar. Estaria nossa casa protegida dos riscos de "invasões indesejadas" , declaradas ou não?

Escolhemos as pessoas que fazem parte do nosso convívio, não é qualquer um que deixamos entrar: olho-mágico, portaria, interfone são armas eficientes.

Parece que não há nada fora do controle! Será que não haveria algum inimigo "esperto", muito esperto, artisticamente disfarçado, agindo às claras, à nossa barba, diante dos nossos olhos... e com nossa permissão, colaboração e até desejo?

Bom seria se fosse conversa à toa, uma bobagem ou invenção pessimista, mas estamos diante de uma realidade, uma dura e ameaçadora realidade: A Televisão!

Escapando sorrateiramente de todos os tipos de trancas, fechaduras e grades, portarias e porteiros, "invade" o nosso lar, ou melhor dizendo, é convidada e bem-vinda a ele. Tanto assim que faz parte de todas as casas, ocupa lugar (ou lugares) de destaque: sala, sala de refeições e até nossos quartos! Um exército de invasores!

Afinal os meios de comunicação são bons. Bons enquanto bons! Úteis enquanto úteis! Mas não podemos esquecer que têm seus interesses, seus métodos e suas realidades, nem sempre tão bons ou úteis, pelo menos para nós do lado de cá.

Veja o que disse André Lwoff - Prêmio Nobel de Medicina: 'A televisão é "o principal fator de retardamento intelectual e afetivo" do mundo contemporâneo'. Essa dura afirmação consta do site http://www.mensagemsubliminar.com.br/conteudo.php?id=LTYyMjEuNg== , uma ONG cujo objetivo é apurar, denunciar e combater as mensagens subliminares, artifício extremamente poderoso e, segundo aquele órgão, largamente utilizado para "vender" produtos, idéias, conceitos e comportamentos nem sempre saudáveis.

E a televisão está aí, ou melhor, está lá, ligada grande parte do dia, escancarando através de sua telinha o nosso lar, nossa privacidade, nossa intimidade, nosso ser que sofre influências, que se adapta, se acostuma, se acomoda e passa a achar normal aquilo que deveria repudiar...

Traz ao nosso convívio pessoas, fatos, situações que jamais passariam pelas nossas portas...

É verdade que a TV distrai, informa, alerta, mas também mente, finge, angustia - e resolve pouco. Ah! Ilude... com seu mundo falso, artificial, fabricado: ao gosto da "moda", do que é bonito, jovem, rico, famoso. Vazia dos verdadeiros valores humanos, ela seduz e massifica. Dita as normas! E elas são seguidas!

Recheada de pessoas que se tornam modelos e ídolos; de situações que encantam; de vidas invejáveis!

Uma violência contra nossa realidade - bem outra - quando o aparelho é desligado.

Para eles vitórias, sucessos, tudo fácil e possível! E para nós? Será que tentar imitá-los dá certo? O dia-a-dia prova que não.

A televisão merece controle, e esse controle deve estar em mãos de quem sabe o que quer e o que pode, sabe a hora e sabe o quanto, alguém que tem responsabilidade sobre sua vontade e sobre a vontade e a liberdade dos filhos. É sempre bom repetir que a televisão deveria bem informar, formar e divertir, mas está cada vez mais difícil saber o que ela faz pior.

Acaba por mais deformar do que formar!

Embora existam relatos de experiências bem sucedidas nesse sentido, viver sem a televisão parece uma proposta ingênua.

Mas controlar o tempo em que ela fica ligada e o que ela sintoniza é posssível; não é fácil, mas é bem possível. Crianças não podem ficar à mercê da televisão que ora se transforma numa verdadeira babá eletrônica... mas, se desligar a televisão, quem vai cuidar delas? Como arranjar tempo para assistir com elas aos programas, mesmo os "mais adequados" à sua idade?

O pior é que a TV passou a fazer parte da vida das crianças, dos jovens e dos adultos. Como reverter isso? Sem ela certamente os filhos vão precisar de mais tempo e atenção dos Pais. Especialistas em educação familiar afirmam que a televisão jamais deve substituir o tempo e o valor da convivência humana, especialmente entre pais e filhos! É bom pensar nisso com carinho, porque poderemos ter de pagar, no futuro, um preço muito mais alto do que custaria nosso trabalho agora.

Estamos dependentes da TV. Vamos continuar assim? Não vamos fazer nada para enfrentá-la, reduzir essa dependência?

Realmente, a televisão merece controle:

Porque nem todos os programas são bons, úteis, vantajosos e inofensivos. A grande maioria é superficial e sem fundamento.

Mesmo os programas classificados como livres e até infantis não são sempre infantis ou adequados para crianças. Além disso há os intervalos, as chamadas e os trailers, totalmente sem censura e fora de hora.

Precisamos aprender a ver televisão; precisamos ensinar nossos filhos a ver televisão. Assistir com eles sempre que possível!

Isso ajuda a desenvolver o espírito crítico e seletivo e a reparar, em tempo, algum mal-entendido. É preciso aprender a escolher programas e não simplesmente assistir televisão. Nunca deixar por conta dela, na base do "venha o que vier"!

Não é saudável nem honesto deixar esse aparelhinho roubar todo o tempo - já bem pouco hoje em dia - que temos para nossa vida doméstica.

É preciso acabar com o monopólio que exerce sobre o tempo livre da família. Deve ser apenas

Comentários