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Publicado: Segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A tempestade

Numa tarde de verão, violento temporal desabou sobre a cidade, com ventos de grande intensidade, granizo abundante e raios assustadores.

Vitalina, a empregada, colocou um ovo no peitoril da janela para “Santa Clara fazer clarear”, depois pegou o terço e atropelou trechos do Pai Nosso e do Credo entremeado com apelos a Santa Bárbara e São Jerônimo.

Bianca também estava assustada, mas, para tranqüilizar Tati, a filha, levou-a até a vidraça para ver o espetáculo que, se não fosse aterrador, seria muito bonito, do vento rugindo, levando consigo uma revoada de pedras de gelo enquanto raios luminosos cortavam os ares e desciam perigosamente à terra com grande estrondo.

Bianca procurava acalmar a Tati:

- Hoje vai haver uma festa no Céu e o Senhor mandou alguns anjos lavarem tudo para ficar bem bonito. Mas, os anjos são meio desajeitados, estão esparramando água por todos os lados.

Eles também degelaram a geladeira e, olhe só, quanto gelo eles estão derrubando aqui na Terra! Que anjinhos estabanados, você não acha?

A Tati não se acalmava:

- Mas a água esta alagando a rua, entrando nas casas.

- Não tem importância. Logo a ela escoa e tudo volta ao normal.

- O vento derrubou a arvore!

- Não foi nada, é que lá no Céu eles têm um aspirador de pó muito possante e algumas vezes as arvores não agüentam sua força e caem.

Um raio caiu muito perto e o prédio todo pareceu balançar com o impacto.

- Olhe que lindo! A festa está começando, já começaram a soltar os fogos!

Finalmente, a tempestade passou, tudo se acalmou e no céu de um suave azul, apareceu um lindo arco-íris.

- Olhe lá, Tati! O arco-íris é o sorriso de Deus! Ele está sorrindo para nós!

- Eu acho que ele está é caçoando de você.

- Caçoando de mim. Por quê?

- Porque você acredita em cada bobagem.

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