A Vida em Versão Original
"As histórias de amor não têm lugar para acontecer. Existem apesar do tempo, apesar do espaço, até mesmo apesar das pessoas. E é por isso que o amor sobrevive ao longo dos séculos, pois não há força mais poderosa e mais frágil do que esta. As histórias de amor precisam existir para plantar outras histórias de amor, para que o coração daqueles que buscam não desista. Se não fosse assim, nenhum encontro seria possível e de nada valeria viver."
Esse trecho é parte do nosso livro “A Vida em Versão Original — uma história de amor real”. Escrevemos — meu marido e eu - há 14 anos atrás e a vida só tem me mostrado o quando isso é realmente verdadeiro.
Apesar de tanta violência e descrédito, ainda existe em nossos corações a esperança de viver o amor. Se não existisse, ele não seria tema freqüente de filmes, livros, músicas, poesias, teatro e tudo o que está a nossa volta.
Quando vejo pessoas se encontrando e vivendo o amor, meu coração se enche de graça. Porque o amor espalha amor e todo o universo agradece. Tenho amigos muito queridos que viveram histórias semelhantes à nossa. Isso existe, não é uma fantasia romântica. É curioso como as pessoas querem encontrar um grande amor e quando ele bate à porta, o susto é tão grande que elas não acreditam e jogam pela janela. Eu sempre digo: as pessoas ficam juntas por um triz. O fato de ter à nossa frente o amor da nossa vida não significa que o caminho chegou ao fim. Pelo contrário: é apenas o começo. Somos testados em nossa capacidade de amar, de transformar nossas crenças arraigadas, nossos hábitos empoeirados, nossa coragem de viver a felicidade. Somos chamados para mudar de patamar, para evoluir espiritualmente e nos tornarmos seres melhores. Isso não é nada fácil.
Você quer ser feliz? Espere até um verdadeiro amor bater à sua porta! Você se surpreenderá com seus medos e com a quantidade de tijolos que colocará para aumentar o seu muro protetor. Sua mente achará milhares de motivos para não seguir em frente, você dará voltas e voltas sem sair do lugar e por vários momentos estará convencido de que “isso não é para você”. Isto é o que eu senti e vi acontecer com diversos casais amigos.
Portanto, não se iluda: “para sempre é sempre por um triz”, como diz Milton Nascimento.
Mas tem o outro lado: a força poderosa que é o amor e a grande ajuda do universo para ele se manifestar. Sempre haverá o livre arbítrio e é por esta razão que todos nós precisamos aprender que o amor mora muito mais dentro de nós do que fora. Se o amor chegar e você não se comprometer com o seu coração, ele pode ir embora. Não há garantias para as escolhas. Mas tenho a profunda convicção de que sempre — em qualquer situação — a escolha deve ouvir o coração.
Viver o amor é um pedido urgente do universo. Isso não está restrito apenas ao amor entre casais. O amor é uma energia que se expande e precisa de nós, seres humanos, para se manifestar. Ele pode ser vivido em qualquer relação, seja de pai, filho, amigo, mulher, avô, enfim, não há restrição para viver o amor. Nós, em nossa “pequenez” diária, é que restringimos.
Mas veja: tem coisa mais linda do que um olhar de amor? Quando a gente vê o amor se manifestando, seja pelo sorriso de uma criança, pelo abraço de um pai ou na cumplicidade de um casal, a gente se emociona. Aquilo nos toca profundamente. Podemos estar anestesiados no corre-corre da vida, ancorados em mágoas e vitimizados pela má sorte. Mas há instantes — raros e sublimes — em que nos esquecemos de nosso infortúnio e experimentamos o doce sabor do amor. Isso é vida pura, alimento para a alma, elixir dos Deuses. Quem nunca sentiu isso? Eu gosto especialmente de falar sobre o amor entre casais. Gosto porque sou uma romântica incurável. Ao encontrar o homem da minha vida e ter tido a coragem para fazer essa escolha, a vida me sorriu. Mas essa bênção exige aprendizado sem férias para seguir em frente o compromisso do sonho. É preciso aprender a caminhar no nosso sonho, junto ao nosso companheiro. Os sonhos nunca serão exatamente os mesmos, mas isso nos ensina sobre os tempos e as vontades, os defeitos e as virtudes, os desejos e a vocação. Não podemos desistir do nosso sonho, nem impedir o sonho dos outros. E este é o verdadeiro exercício de liberdade que o amor nos pede.
Um verdadeiro amor, em primeiro lugar, nos engrandece. Ele nos mostra que somos grandes, maiores do que imaginávamos. Ao mesmo tempo, ele nos faz sentirmos pequenos diante de tanta beleza. Essa é a mágica de um encontro: a simultaneidade dos opostos, a sensação familiar de estar em casa e uma conexão inquestionável com todas as formas de vida.
É essa vivência e este aprendizado que o Alan e eu procuramos traduzir em nosso livro “A Vida em Versão Original”. Uma história que é nossa, mas é também do universo....