A Violência Nossa de Cada Dia
Desde que o primeiro hominídeo teve a idéia de pegar uma pedra para jogar na cabeça de um semelhante, sabemos que a violência permeia a realidade humana em todas as eras. Ao longo da história humana são inúmeros os registros de conflitos pessoais, guerras entre nações, brigas e desavenças de todos os níveis e com as mais variadas motivações: ódio, vingança, ambição, inveja, poder, etc. A bem da verdade, o mundo sempre foi bastante violento. Mas não há nada que nos faça acostumar com isso.
O bárbaro crime cometido por um par de desequilibrados na escola Raul Brasi, em Susano (SP), é apenas mais uma prova do quanto a violência nos abala. Por mais que o mundo esteja bem complicado e muito mais violento em nossos dias, ainda é grande a capacidade dos cidadãos de bem em escandalizarem-se com tantas tragédias. De fato, considerar um episódio desses como “normal” é sinal de algum tipo de patologia psicológica.
É necessário pensar sobre a violência, para bem combatê-la. Um canhão, na guerra, mata milhares. No museu, é inofensivo. Uma arma de fogo, no cofre, não faz nada a ninguém. Na mão de um maluco, causa desastres. Uma faca, na mesa, corta o pão e passa a manteiga. Empunhada por alguém com ódio, elimina uma vida. Sobre a violência há tanto o que falar! Mas há que se pensar no seguinte: a origem da violência é o coração do ser humano. É ali que ela não deveria estar nunca.
Nos últimos 50 anos o ritmo da modernidade, e as pressões de uma sociedade cada vez mais materialista e descartável, produziram um batalhão de pessoas insatisfeitas, incontroláveis, esquizofrênicas e mais violentas. Não é necessário cometer um crime: há pessoas violentas no modo de falar, de interagir com os semelhantes, violentas na maldade de seus comentários e no modo como encaram o mundo, sempre com maledicência, desesperança e desconfiança.
A violência está nas ruas, mas está dentro das residências também. Está no ambiente de trabalho e nas escolas. Está nos grandes eventos e nos estádios de futebol. Está nas músicas e nos filmes, nos “esportes” que colocam duas pessoas num octógono para sangrarem até a inconsciência. Está nos relacionamentos e na sociedade em geral.
O ser humano está mais violento, a cada dia. E isso não é culpa nem do pau, nem da pedra, nem da faca de cozinha ou do tanque de guerra. É culpa da humanidade, coletivamente. Como não encontra nas promessas do mundo o que termine com suas infindáveis angústias, o ser humano se revolta. E desconta, com violência, do modo que lhe é possível.
Estamos em tempos de violência, cada vez mais. Possam os homens e mulheres do nosso tempo ouvir a voz do Senhor Jesus que sempre nos diz: “Vinde a mim vós que estais cansados e aflitos! Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração!”. Que Deus tenha misericórdia dos que foram vitimados na escola dedicada ao poeta e jornalista Raul Brasil, confortando de algum modo os seus familiares e amigos.
Amém.