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Publicado: Quinta-feira, 30 de junho de 2011

Agora pode

Não se sabe se o mundo, numa onda irrefreável e contagiante, estaria a se dar conta da velocidade com que costumes e hábitos novos, são praticamente impostos sem que ninguém pare para pensar.

Impinge-se de tudo às pessoas.

Para dizer pouco, na realidade, adotou-se como que num passe de mágica, que se privilegiem minorias, em desfavor ou sem consulta à coletividade, esta sem dúvida um universo infinitamente maior.

Respeito é bom e eu gosto, - não se proclama por aí e com muita razão?

Deveria porém ser assim para todos, sem privlégios para ninguém.

Inverte-se o sentido e significado do que seja democracia ou pelo menos se o deturpa.

Que cada qual escolha como e o que fazer, desde que não se prejudique a si próprio e principalmente terceiros, até se concebe, guardadas algumas proporções.

Atitudes e ações outrora ditas se não abjetas certamente constrangedoras, adquirem a classificação de normais e aceitáveis, mesmo que sob espanto geral. E por que tanta presssa? A sociedade tem sabido viver razoavelmente sem discriminação e até com razoável discrição perante o foro íntimo dos cidadãos.

Ao se decidir no entanto pela liberalidade, será que foram levados em conta os princípios daqueles que, sem molestar nem recriminar ninguém, gostariam de serem também respeitados? Ponderou-se o tremendo choque perante a  inocência das crianças?

O que fazer?

Pegou a moda das passeatas.

Esta ou aquela prática está capitulada como crime. Se, entanto, um punhado de gente resolve formar blocos e defender tal comportamento, isso pode.

Deve surgir por estes dias algum movimento a favor dos assaltos nas ruas, sob a alegação de que as vítimas é que devem tomar cuidado. Aliás, em parte assim já é, porque a proteção e defesa do cidadão é sabidamente precária.

Hoje, presentemente, como se haveria de definir bem o que seja liberdade?

De modo patente e visível, urge protegerem-se todos e cada um, porque grassa à vontade toda forma de violência.

Para se entrar num estabelecimento de crédito, há o crivo de uma portinhola giratória, porque ninguem confia em mais ninguém. Os cidadãos são todos suspeitos, até prova em contrário. Mas essa novidade é grosseiramente desagradável às pessoas de bem, indevidamente envolvidas debaixo e na mesma posição dos de conceito duvidoso.

Nivelou-se por baixo, este um fato incontestável.

Se qualquer cidadão prestar atenção, vai perceber que volta e meia ele está de um dos lados de uma grade. Grade de ferro, outrora, era figura indicativa de celas de prisão.

Hoje existem grades de ferro por todo lado. Os condomínios verticais não usam mais portas. São portões, às vezes mais de um, a moda de se constituir num ambiente cercado, prisioneiro momentâneo de qualquer modo. Adentra-se primeiramente nele, a muito custo e cuidados, sob revista ou minucioso interrogatório. Só depois se admite perpassar pela segunda horrível grade de ferro igualzinha à dos presídios.

No final das contas, nem é necessária muita pesquisa para se encontrar a causa de tantas anomalias, aqui no Brasil pelo menos. Ela reside em grande parte no declínio assustador no nível de educação do povo brasileiro, com o inevitável desdobramento de um geral desrepeito a tudo e a todos.

Chatíssimo fechar este rápido comentário sob o signo do desalento. Mas, na verdade, de nenhum lado se vislumbra uma reação mais séria e empenhada para se corrigir tantas anomalias.

Erigiu-se solenemente a desqualificada máxima do salve-se quem puder.

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