Agosto: mês Vocacional
O Senhor asseverou aos seus discípulos: A messe é grande e os operários são poucos. Rezai ao Senhor da messe para que envie operários para a sua messe(Mt. 9, 37-38).
Para atender a este pedido de Cristo, a Igreja no Brasil, já há muitos anos, escolheu o mês de agosto para refletir e rezar especificamente sobre vocações. A escolha do mês está ligada à festa de São João Maria Vianey, padroeiro dos párocos e vigários paroquiais, que se celebra dia 4 de agosto. O Santo Cura d’Ars foi um pároco admirável que viveu no sul da França, na primeira metade do século XIX, tendo morrido em 1859, aos 73 anos de idade, com grande fama de santidade, tal foi a solicitude e a elevada mística, autêntica caridade pastoral, que marcaram a sua vida. Tornou-se modelo para todos os padres, tendo sido canonizado pelo Papa Pio XI, em 1925.
Assim, o mês vocacional, inicialmente tinha como único alvo a vocação presbiteral. Ao correr dos anos, o mês passou a recordar que também as demais vocações devem ser motivo de reflexão e oração, e inclui hoje a vocação religiosa e missionária e a vocação laical, com destaque para a vocação à família e ao ministério da catequese. Tudo é englobado na grande e geral vocação à santidade que recebemos no batismo. Na organização prática, cada semana do mês procura tratar de um tema, tendo como pano de fundo a vocação batismal, pois a Igreja é um povo sacerdotal.
O mês deve movimentar a comunidade para celebrações de cunho vocacional, reflexões em família ou pequenos grupos, atividades variadas nesta mesma linha. Tudo deve ajudar as pessoas a descobrirem seu lugar na comunidade eclesial, a assumir seu chamado pessoal conforme o seu estado de vida e a rezar para que a própria Igreja cumpra bem sua vocação de ser sal da terra e luz do mundo.
Contudo, é bom recordar que a Igreja, para a sua missão e sua vida, depende dos ministérios ordenados, entre os quais podemos destacar a vocação presbiteral. Os presbíteros, auxiliares mais próximos dos bispos, novos apóstolos, em comunhão afetiva e efetiva com o Sucessor de Pedro, participam da sucessão apostólica, base da Igreja, pois a Igreja está assentada sobre as doze colunas dos Apóstolos. Por isso diz o Catecismo da Igreja Católica: sem o Bispo, prebíteros e diáconos, não se pode falar de Igreja.(Cat.I.C. 1593)
O termo apóstolo vem inicialmente do grego: ap(o) + stellos, que originou o substantivo apostolus,i, em latim, que significa aquele que é enviado. Na verdade, o Senhor, ao final de sua missão na terra, lhes diz: Ide por todo o mundo e ensinai a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo quanto vos mandei e eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.(Mt.28,19-20) . Já havia lhes dito antes: Quem vos recebe, a mim recebe, e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. (Mt. 10,40) . Se estas palavras podem ser ditas, segundo alguns exegetas, a todos os discípulos, não contradizem o caráter específico do apostolado dos doze, a quem o Senhor entregou a responsabilidade da Igreja toda. Unido ao mistério da Eucaristia, está o mistério do sacerdócio ministerial de Cristo comunicado exclusivamente aos apóstolos e não à comunidade toda.
Durante o mês vocacional, sobretudo nos domingos, as comunidades, além do tema da semana, são incentivadas a incluir preces especiais para que não faltem sacerdotes em nenhuma parte da Igreja espalhada por todo o orbe. São convidadas a se lembrarem especialmente das igrejas locais que estejam em condição de maior carência de ministros ordenados. E quantas são no Brasil!
O mês de agosto, contudo, não se fixa apenas nas vocações específicas, mas é de fato global e abrangente, despertando a todos para sua consciência de verdadeiro vocacionado na Igreja e enviado para transformar o mundo em autêntico Reino de Deus, que tem início no tempo e se completa na eternidade.