Publicado: Sexta-feira, 24 de abril de 2009
Análise Bernardiana
Acabo de ler “Meio Século de Imprensa”, livro que me foi presenteado pelo próprio autor. Em se tratando de Imprensa na cidade de Itu (e há quem diga no Estado de São Paulo e Brasil afora), quem não o conhece? O autor afirma que a obra, lançada ano passado, é um “embrião”, um mero opúsculo. Sim, pois nos adianta que outro livro virá em breve: uma coletânea de crônicas e artigos.
“Meio Século de Imprensa” cumpre o papel de ser um preâmbulo. Nele, Bernardo Jerônimo de Campos diz um pouco sobre quem é, o que fez e de onde veio sua vocação litero-jornalística. Nos apresenta sua família: a esposa, os filhos e filhas, os netos e netas.
Conta também que sua vocação pela boa escrita veio do pai, o senhor Luiz de Campos Filho, um tipógrafo autodidata muito considerado em cidades como Capivari, Salto e Itu por sua atuação na Imprensa. Narra ainda a garra de sua mãe, a senhora Antonietta Brigatto de Campos, sem dúvida uma mulher de fibra e exemplo de fé cristã.
Além disso, Bernardo Campos apresenta uma minuciosa relação dos artigos escritos por ele desde 1957. Outra preciosidade é o relato de sua atuação no jornal “A Federação”, tanto na condição de Presidente de sua mantenedora quanto na de Editor e articulista, atividades que o ligam ao jornal há décadas.
Enfim, se contarmos com a capa e a contra-capa, “Meio Século na Imprensa” nos apresenta 112 páginas de registros históricos das atividades jornalísticas de Bernardo Campos. Por coincidência, 112 seria a idade que sua mãe, dona Antonietta, completaria no dia 14 de abril passado, caso ainda estivesse entre nós.
Não sei quantos o sabem, mas tenho orgulho em dizer que foi Bernardo Campos quem me “iniciou” na arte de ser cronista. Estando à frente de “A Federação” em 1996, ele convidou um amigo meu para iniciar no jornal um espaço reservado à juventude. Este meu amigo, Maurício Santa Rosa, perguntou-me se eu não desejava tomar para mim a tarefa.
Sempre fui bom em redação, desde os estudos primários. Não me recordo ao certo como aconteceu, mas Bernardo e eu fomos apresentados e então escrevi meu primeiro artigo, publicado em 3 de agosto de 1996, na seção “Espaço da Juventude”. Depois da publicação, Bernardo disse-me que não tinha sido aquilo que ele esperava. Fiquei decepcionado comigo mesmo, porém não desisti. Resolvi dedicar-me mais ainda à oportunidade que me proporcionou.
Ou Bernardo usou de sua paciência paterna ou eu comecei a tomar jeito. O “Espaço da Juventude” foi publicado ininterruptamente por cerca de 8 anos. Além disso, ele também me propôs fazer um suplemento jovem, que entitulamos “Galera”. Assumi a missão, desta vez escrevendo matérias, reportagens, tirando fotos e fazendo pequenas entrevistas, por cerca de dois anos. A adolescência foi passando e então pedi para trocar o nome do “Espaço da Juventude” para “Amém”, já que os assuntos aqui refletidos também foram amadurecendo e evoluindo com o tempo.
Posso dizer, e é bom que o saibam, que considero Bernardo Campos como meu pai jornalístico. Foi ele quem me deu a primeira oportunidade, vários incentivos e muitos ensinamentos tirados de nossas conversas. Está par a par com Dom Amaury Castanho, outro a quem dedico sentimentos filiais e de gratidão, por ter me ensinado valores a serem praticados na vida pessoal e no trabalho de jornalista.
Nunca deixei de admirar Bernardo, nem mesmo quando alguma discordância passageira estabeleceu-se entre nós. Com o tempo aprendi: maior que sua elegância na escrita ou o número de artigos publicados, é seu coração e sua capacidade de colocar divergências de lado em favor da amizade, perdoando coisas passadas e encerrando-as de vez. Cá para nós, não é qualquer pessoa hoje em dia capaz de proceder assim.
Assim sendo, prezados leitores e leitoras, o que veio para ser uma resenha literária acabou se tornando uma homenagem em vida. Não vejo problema, pois é o melhor tipo de homenagem que se pode fazer. Ao menos em alguns, dos vários pontos de nossas vidas, Bernardo Campos e eu estamos ligados. Ligados pela história e pela amizade. Mas ligados, sobretudo, ao amor pela Imprensa. Amor que ele cultiva há meio século e que eu espero cultivar ainda por muitos anos.
Amém.
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