Anjos e Luzes
Surpreendentemente, quase que de surpresa mesmo, Itu se viu tomada de uma das mais fortes emoções em termos de promoção aberta e pública.
“Anjos e Luzes”, uma encantadora festa em praça pública, emocionou o bom público que compareceu à Praça Duque de Caxias, dia 9, sexta, já com clima de Natal num espetáculo delicado e ousado, a empolgar o povo como poucas vezes se viu. Um delírio.
Exatamente às oito horas da noite, alguns pingos inesperados prometiam chuva das grossas. Mas como o povo não arredou pé, o mau tempo se retirou, meio sem graça.
Sob iniciativa eminentemente particular, patrocinada por empresas da linha de frente no comércio e na indústria local, capitaneadas pela PROTUR e pelo Regimento Deodoro, aconteceu o espetáculo apropriadamente denominado “Anjos e Luzes”.
Ao que se apurou, houve um pugilo de abnegados que idealizaram e organizaram todos os pontos daquilo que redundou num formidável sucesso. Destacaram-se nas ideias e no comando, as entusiastas e entusiasmadas, Allie de Queiroz e sua colaboradora direta, a personagem mais conhecida como “Fafá”.
O palco foi montado bem defronte a entrada principal do prédio do Regimento Deodoro e ali o Coral Vozes, acolitado de músicos exímios, encantou o povo com hinos e canções, os mais conhecidos clássicos do Natal.
Escuta-se, ao final da atuação do Coral, um vozerio estranho, que vinha lá debaixo, dos lados da avenida Octaviano. Eram os Reis Magos conversando, desorientados, porque diziam estar à procura de um Menino nascido naquelas imediações. Davam-se por perdidos em terra estranha, tudo numa encenação ao mesmo tempo graciosa e de muito enlevo.
Se as pessoas já estavam maravilhadas com os números musicais de época e com a performance dos atores a representar os Reis Magos, eis que se passa a uma segunda parte, não menos deslumbrante.
Máquinas de grande porte começam a projetar imagens coloridas nas paredes da entrada do Quartel de um lado e, de outro, na Igreja de São Luís Gonzaga. Simultaneamente.
Os contornos dos dois edifícios, em passe de mágica, ganhavam relevos diferenciados, com destaques para os adornos e saliências. A certa altura, de tanta magnificência que parecera realidade, a neve passa a cair abundantemente sobre ambas as partes do edifício, com tanta perfeição, que se acumulava por sobre janelas e soleiras.
Em Itu, nunca se vira algo parecido.
Nisso tudo, porém, um destaque importante.
Havia nessa noite, como de hábito em solenidades de expressão, convidados especiais. Mais que isso, especialíssimos.
Foram confortavelmente acomodados em poltronas, às centenas, em plena praça e bem defronte o local das encenações, em primeiríssimo lugar, os queridos velhinhos e velhinhas do Asilo de Nossa Senhora da Candelária. Convidados de honra.
Ali também, em espaço igualmente reservado, acomodaram-se também crianças de várias creches, como as do Ceapi, Ceaca, Apae, Pingo de Luz e outras.
Pormenor importantíssimo.
Não só empresas como particulares sem conta, se empenharam, até bem antes do dia 9. Eis que os internos do Asilo tiveram atendimento dentário (por profissionais do Instituto Kallas, de São Paulo), além de que, as do sexo feminino, foram penteadas e de unhas feitas, pela dedicação de Dona Hélide, cabelereira.
Na mesma noite, um pouco antes das exibições em aberto, já tinha acontecido representação da professora Durce Gonçalves Sanches e o Nenê do Cururu, em auditório interno do Quartel.
Fica a lição.
O desprendimento, o entusiasmo e o amor, operam maravilhas.