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Publicado: Terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ao meu Querido e Eterno Marido

A imagem daquele terapeuta, descendente de japoneses, alegre, falante, orientador, conselheiro, incentivador, amigo, caridoso, espiritualista e, sobretudo transmissor de um amor incondicional, e a que deve estar gravada na mente de todos aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo.
 
Ele demonstrava uma gratidão imensa aos pacientes que o procuravam, através das frutas que encomendava do Sr. Masuda, um cultivador dedicado de Piedade. Muitas pessoas não compreenderam o significado daquele gesto. A gratidão (ON, em japonês) é muito mais que um agradecimento ou um agrado. Faz parte de um sentimento profundo de reconhecimento de terem confiado em sua terapia, em sua pessoa.
 
Foi um marido muito especial, que desfrutava a cada momento do prazer de ter uma esposa (Okusan). Foi muito amigo, companheiro e muito coruja. Eu o chamava de corujão.
 
O nosso enlace ocorreu quando eu tinha 36 anos e ele 44. Ambos “curtíamos” muito sermos marido e mulher. Obviamente passamos por fases de adaptação difíceis, principalmente relacionados com os temperamentos de cada um. Aprendemos a ouvir, a falar, a ceder, a compreender e a usar o bom senso em cada situação.
 
Após algum tempo, tínhamos comunicações telepáticas, onde cada um sentia o que o outro desejava em determinadas situações. Isso não ocorreu quando ele partiu. Fiquei triste e desapontada comigo, pois, não percebi qualquer sinal naquela manhã que foi ao curso em São Paulo. Nos dias seguintes entendi que foi mais uma preocupação por mim. Ele “planejou” a partida sem alarmar-me.
 
A demonstração de amor entre nós era em gestos e atitudes, pois, nós orientais não costumamos fazer demonstrações efusivas de carinho físico; tentei mudar as coisas nesses 24 anos de intenso convívio, mas, não consegui, pois, ele continuou portando-se como um samurai.
 
Dedicamos a maior parte do tempo cuidando de sua saúde. Pela sua determinação, quase todas as mudanças que fazíamos dava certo. Mudamos de hábitos alimentares várias vezes. Passamos pela fase da macrobiótica, dos alimentos vivos (apenas crus). Encontramos um equilíbrio com o vegetarianismo (não fomos veganos).
 
Entendíamos que todos os sofrimentos que passamos, era o resgate de Karma que tínhamos a cumprir. Ouvíamos os “recados” emitidos pela energia do Universo e acatamos como o nosso caminho para o crescimento espiritual, e como forma de aprendizado para passar aos nossos pacientes. E, mais uma vez, a solidez do nosso amor e da nossa união conformavam-se.
 
De uma coisa estou certa; cumprimos com todas as letras, aquele juramento feito no dia 22 de setembro de 1984: “Prometo-te ser fiel, amar-te e respeitar-te, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, em toda a minha vida, até que a morte nos separe...”
 
E a certeza de que ele já está trabalhando nos planos espirituais superiores, me dá uma paz interior imensa e me encoraja para cumprir a minha missão a partir de agora.
 
Agradeço de coração, a todas as pessoas que apoiaram-me e continuam apoiando-me. Desejo um Feliz Natal e Próspero 2009. Paulo Honda estará entre nós guiando-nos e protegendo-nos agora e sempre!!!
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