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Publicado: Quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Apetite e saciedade

Apetite e saciedade
Apetite e saciedade não são processos isolados no corpo. Estas sensações são o resultado de complexas interações de sinais, incluindo percepções sensoriais, distensão do estômago, mensagens hormonais e neurais enviadas do trato gastrointestinal ao cérebro, e deste para o restante do corpo.
 
Esta complexa rede de sinais é responsável pela regulação da ingestão de alimentos. Comportamentos aprendidos, padrões de alimentação e sinais externos, estímulo aos quais as pessoas estão expostas (às vezes sem saber), como a visão do alimento, ambiente de casa ou do trabalho e relações pessoais, também são muito significativos.
 
A interação de sinais neurais e hormonais pode se traduzir em sentir-se cheio, privado, contente ou recompensado ao comer certos alimentos. É isto que ajusta o controle do apetite. Se nos concentramos nas propriedades sensoriais dos alimentos, aqueles com cheiro e gosto deliciosos são poderosos o bastante para superar nossos sinais inatos de saciedade.
Como qualquer pessoa que comeu uma barra de chocolate inteira confirmará, estes
sinais parecem comprometer a regulação do apetite.
 
Pesquisas recentes sugerem que alimentos ricos em açúcar e gordura aumentam a expressão dos sinais de fome, reduzem a resposta a sinais de saciedade e ativam o sistema de recompensa (um dos fatores que levam ao prazer de comer).
Assim, a alta palatabilidade de alimentos ricos em açucar e gordura poderia levar ao “hiperconsumo passivo” ou seja, sem relação com a fome. O que gera um ciclo vicioso constante, no qual o consumo, especialmente de carboidratos de absorção rápida passa a
ser um ponto muito preocupante.
 
Desta forma, no que se refere aos hábitos alimentares intuitivos, ouvir os sinais de fome e saciedade do corpo pode constituir uma interessante forma para tratamento da obesidade. A idéia é que evitemos ao máximo os efeitos colaterais prejudiciais dos ciclos de engordar-emagrecer.
 
A abordagem da densidade energética para o controle do peso tem apresentado grande apoio científico. O suporte cientifico centraliza-se no aumento da sensação de saciedade, em curto prazo e entre as refeições. Para este fim, aumenta-se a proporção de alimentos ricos em água e fibras na dieta, o que reduz a densidade energética da refeição. Quando aplicada sob supervisão dietética, esta abordagem tem êxito. O grande desafio é trabalhar a adesão!
 
Pessoas acostumadas com alimentos altamente palatáveis podem não aderir à abordagem de sopa vegetal, água e produtos lácteos de baixo teor de gordura com regularidade suficiente, ou elas podem se recompensar muito freqüentemente pelo bom comportamento nutricional com alimentos de alto teor de açúcar ou gordura com os quais estavam acostumadas. Portanto, o acompanhamento nutricional é fundamental para que se estabeleça o equilíbrio no planejamento alimentar. Não existe a necessidade de privação, mas existe a necessidade de harmonização entre os nutrientes.
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