Arquivo Pessoal de Prudente de Moraes
O acervo documental arquivístico no Museu Republicano "Convenção de Itu", extensão do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, compreende 400 metros lineares de documentação escrita, em suporte papel, formados a partir de 1923, com o início das atividades técnicas, científicas, através de doações de documentos de participantes da Convenção Republicana de 1873, realizada nas dependências do edifício que abriga o museu, e a de membros do Partido Republicano Paulista.
A natureza do núcleo original reflete as preocupações com que Afonso de E. Taunay, diretor da instituição, que idealizou e organizou a campanha para obter o acervo, e concebeu a temática da exposição inaugural. Muitos dos documentos escritos, como a "Ata e Livro de Presença dos Convencionais de 1873", os do Presidente do Estado, Bernardino de Campos, e os dos Presidentes da República Campos Salles e Prudente de Moraes fizeram parte, por décadas, da área de exposição de longa duração, em composição com os objetos tridimensionais e iconográficos. Com a introdução de métodos e técnicas de organização do acervo da biblioteconomia, museologia e arquivologia. Tal situação foi revertida, visando a preservação dos documentos.
Em 1992, foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo/FAPESP, um projeto para Organização dos Fundos de Arquivo e das Coleções de Documentos pertencentes ao Setor de Documentação do Museu Paulista e de sua extensão, o Museu Republicano "Convenção de Itu". Foi pesquisada a legislação referente à criação do Museu, cargos, atribuições e elaborado um histórico da evolução institucional. A partir dele, um quadro de arranjo para a organização da documentação. Na oportunidade foram identificados e reunidos em Coleções e Fundos os documentos que estavam sob a guarda da instituição, e, entre eles, o arquivo pessoal de Prudente de Moraes, primeiro Presidente Civil do Brasil.
O acervo Prudente de Moraes é um dos mais completos do Museu Republicano: compõe-se de mobiliário, objetos de decoração de seu gabinete de advogado em Piracicaba, álbuns de fotografias de visitas oficiais a inaugurações e eventos e outras imagens de familiares; uma coleção de livros de sua biblioteca e o arquivo pessoal. Assim, registros tridimensionais, iconográficos e textuais, se completam como testemunho de suas atividades profissionais e pessoais.
Os documentos do arquivo pessoal foram encaminhados à Instituição entre os anos de 1923 e 1925 por doações, intermediadas por Eugênio Egas, feitas por Prudente de Moraes Filho e João Sampaio e também por Júlia Prudente de Moraes.
Grande parte desta documentação é relativa a suas atividades políticas, o que permite contextualizar os registros, e conhecer sua trajetória, de vereador da Câmara da Cidade de Piracicaba até Presidente da República em 1894. Com a elaboração da cronologia, foi possível identificar o processo de formação do arquivo, as lacunas documentais existentes , e os documentos relacionados ao âmbito pessoal e familiar.
Dentre os documentos textuais de atividades políticas e republicanas destaca-se os diplomas de vereador, Deputado Provincial e Geral, Senador e Presidente da República, correspondências recebidas e enviadas, discursos, cartões de visitas e homenagens.
Há também centenas de recortes com matérias jornalísticas nacionais, e internacionais, referentes a questões da política brasileira, notadamente, sobre o período do governo presidencial. As notícias provenientes, por exemplo, de jornais franceses eram encaminhadas por intermédio dos serviços do "Le Courrier de la Presse", enquanto que no caso dos jornais nacionais o titular do acervo procurou cuidar pessoalmente das notícias, guardando os jornais ou recortando seus artigos.
Quanto aos documentos iconográficos, em especial aos mapas e plantas relacionados ao período de seu governo, pode se destacar a presença de um mapa, provavelmente oferecido a ele, intitulado: "Mappa do Theatro da Guerra de Canudos 1896-1897". Documento manuscrito e único, representativo de uma visão do conflito, indicando três aspectos da região onde estava localizada a Vila de Canudos: relevo, estratégias de ataques, anteriores a 1897, realizadas pelas expedições militares enviadas para o local e, planta da vila.
Os documentos do arquivo pessoal de Prudente de Moraes no Museu Republicano "Convenção de Itu" estão inventariados e catalogados, e os instrumentos de pesquisa também podem ser consultados na Biblioteca do Museu Paulista da Universidade de São Paulo.