Publicado: Quinta-feira, 16 de novembro de 2006
As estrelas do Pequeno Príncipe
Tive uma experiência curiosa quando fui à inauguração do “Mundo do Pequeno Príncipe” no Shopping Iguatemi, em São Paulo. O evento, idealizado por primos muito queridos, estava cercado de glamour por todos os lados. Celebridades e patrocinadores do mais alto escalão figuravam entre crianças e mães corujas, exibindo seus filhotes com orgulho e atenção.
Ao mesmo tempo, para um olhar minucioso, percebia-se a beleza de extrema delicadeza em cada detalhe, transparecendo uma verdadeira admiração e amor pela obra de Saint Exupèry. O Pequeno Príncipe passeava pelos planetas, com sua rosa vermelha cativada, humanos desumanos, carneiros e chapéus.
No meio daquele universo contrastante de estrelas do céu e estrelas da terra, eu fiquei curiosamente observando o aglomerado de jornalistas das mais respeitadas mídias se amontoando para fotografar a estrela da noite: Luana Piovani. Com a nobre vestimenta do Pequeno Príncipe (personagem interpretado por ela na peça que está em cartaz em São Paulo), Luana chegou com o sorriso de sempre, presença marcante e muita simpatia. Entre abraços, autógrafos e poses, divertia-se com os olhares multi-interessados da multidão de pequenos, jovens e adultos. Banhados pela fantasia, pessoas de todas as idades queriam estar perto, abraçar, fotografar e... aparecer.
Foi quando presenciei uma verdadeira “guerra” entre dois jornalistas que lutavam por um pequeno pedaço de terra para “a foto do ano”. Com a câmera em punho, lançavam palavras e expressões de aborrecimento pela fronteira ultrapassada. De quem era o camarote? Quem chegou primeiro?
Comecei a rir. Eu pensava: “Será que eles se deram conta de que estão no Mundo do Pequeno Príncipe?” Esse planeta é diferente! As rosas não são contraditórias, as pessoas não falam por enigmas, as coisas não devem ser explicadas e não se desobedece ao mistério. No Mundo do Pequeno Príncipe os adultos não se esquecem de que um dia foram crianças e se tornam responsáveis por tudo aquilo que cativam.
Afinal, em que mundo eles estavam?
Reis, avarentos, bêbados, vaidosos, enfim.... É difícil exercer nossa humanidade quando a pressão do trabalho, da urgência do relógio e da luta pela sobrevivência se apodera de nossos hábitos arraigados. É preciso muita vontade para nadar contra a corrente do cotidiano, em direção à nossa estrela. Mora em nós essa fagulha de luz que teima em se manter acesa, acordando nossa escuridão. Não podemos desistir! Nas horas mais difíceis, é só lembrar do que diz o nosso pequeno-grande amigo: “É preciso tolerar duas ou três lagartas se quisermos conhecer as borboletas...”
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