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Publicado: Terça-feira, 8 de julho de 2008

Até que a morte nos separe!

Vamos falar de relacionamento conjugal, de matrimônio, de indissolubilidade. Se, para Deus, esta é evidente, natural, ainda custa para o homem entendê-la e aceitá-la pacificamente. Nem como algo divino, nem como um componente importante na amizade profunda que deve existir entre marido e mulher; bem sabemos, entretanto, que dificilmente teremos saúde duradoura no relacionamento conjugal sem essa amizade profunda e sem apoio do sagrado, como bem diz o casal André e Rita de Cássia Kawahala, em um artigo da Família Cristã: “A indissolubilidade somente existirá quando os dois lados do relacionamento conjugal – o aspecto humano e o aspecto espiritual – crescerem juntos”.
 
Fabiana Caso, numa reportagem publicada no jornal “O Estado de S. Paulo” em 23/04/2005, comenta: “A cena dos casais de cabeça branca, andando de mãos dadas, em clima romântico, contrasta com o 'casa-descasa' moderno. O divórcio já não representa um tabu como antigamente, quando o casamento durava a vida toda...”.
 
Entretanto reconhece que, ainda hoje, há casais que quebram as tendências modernas, ficando juntos e felizes para sempre. Cita, por exemplo, a escritora e jornalista americana Judith Viorst que aborda o tema no livro “Casamento para a Vida Toda” (Editora Melhoramentos). Para esta – casada há mais de 40 anos –, o casamento é uma entidade pela qual vale a pena fazer algumas concessões. E, entre as principais qualidades para conseguir manter um saldo positivo nesse pacto, ela destaca o respeito e a tolerância. E alerta para os conflitos iniciais que, invariavelmente, vão acontecer. O segredo é saber que isso é natural, garante ela.
 
Cita ainda a atriz Fernanda Montenegro, casada há mais de 50 anos com Fernando Torres, ao se referir à felicidade conjugal: “Nunca é aquela felicidade de desenho da Disney, de filme hollywoodiano. Sempre tem horas de encontro e de profundo desencontro. Mas vale a pena superar essas dificuldades por causa da cumplicidade [...]. Há choques incríveis. Mas você tem que olhar para a pessoa como ela é, essa é a prova da resistência. O tempo vai passando, você vai aceitando e, quando vê, já se passaram 50 anos”.
 
Para Antônio M. C., de 78 anos, e Léia C., de 75 anos, igualmente casados há mais de 50 anos: “Compreensão, amor e tolerância são essenciais para um bom casamento. Sempre são duas pessoas absolutamente diferentes, é preciso que um respeite o outro em todos os aspectos. E que cada um tenha sua ocupação e não invada o espaço do outro, para que, à noite, haja encontro, amor, simpatia e amizade”.
 
São apenas alguns bons exemplos iguais aos de tantos outros casais que conhecemos, que convivem conosco; afinal, como foi com nossos avós e, mesmo com nossos pais?
 
Será então “Até que a morte nos separe”, muito tempo? Impossível? Impensável?
 
Parece que não, se o casamento for assumido em toda a sua plenitude. Não, se for nutrido pelo amor que, em tudo imita o Amor de Deus. Não, se houver empenho e dedicação, se houver reparação e perdão. Não, se a união conjugal se tornar um sonho onde se misturem passado, presente e futuro. Não, se as intenções se enlaçarem num nó tão apertado que nada consiga quebrar, nem mesmo os desgastes naturais, tampouco os desencantos que cedo ou tarde aparecem. Não, se houver tempo para que o amor, a princípio discreto, imaturo, se torne definitivo.
 
Sempre foi e sempre será possível um casamento duradouro, desde que não represente, como quer a sociedade moderna, apenas uma tentativa, uma experiência, mas um investimento seguro e certo, em que o “Sim” dado ao cônjuge, aos pais, aos parentes e amigos, à Igreja e a Deus seja levado a sério e entendido como irreparável e sem retorno, apesar das dificuldades, da aparente ausência da felicidade e das tentações de ir procurá-la em novos relacionamentos.
 
“Uma só carne” não representa apenas uma união de corpos, mas algo que tem suas origens na amizade profunda e sincera que se estabeleceu no namoro e que cresceu e se solidificou na decisão de compartilharem as suas vidas. Algo impossível, se não houver raízes profundas e muita dedicação: afetiva e material.
 
“Juntos para sempre”. É preciso tomar gosto por isso, como resultado de um sonho e um desafio, recheados de encantos e desencantos, de realizações e fracassos, de erros e acertos.
 
Se, como sugere o já citado casal André e Rita, compararmos a indissolubilidade do matrimônio a um diamante, veremos que sua beleza só será visível após a lapidação e a limpeza de suas impurezas; só com o enfrentamento e a superação das dificuldades e dos contratempos o matrimônio se consolidará como uma união feliz e duradoura.
 
Em suas acertadas palavras: “A indissolubilidade do casamento é um diamante que ganha sua forma através da vida conjugal onde o amor, a amizade profunda e a fé em Deus agem como elementos que transformam o que é imperfeito em perfeito conforme o tempo avança”.
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