Bandas de todas as bandas
Viaja-se hoje de repeteco, em assunto já cuidado por aqui, justamente sobre bandas de música, uma das mais significativas tradições em todos os lugares. Faz-se oportuna até uma ligeira transcrição, mais abaixo, porque casa perfeitamente com o tema.
Não são poucas as pessoas que veem a televisão de modo apenas aleatório. Afeiçoam-se a percorrer os canais, com paradas aqui e ali. Muitas vezes então bons programas, por causa dos intervalos, são interrompidos e esquecidos. Foi assim que, certa feita, nesse vai e vem dos espaços, já se estando acomodado na cama, surgiu um interessante documentário. Pego o programa a esmo, de improviso, em algum canal educativo, versou ele a respeito de bandas de música. Por ter sido de longa duração, aprofundou a pesquisa e colocou em relevo justamente as bandas do interior, modestas e pequenas, mas animadas sempre, nos mais recônditos vilarejos, Brasil afora.
O fato é que, com esse meio de atração, em pequenos municípios, lugarejos até, a banda de música é a razão de ser principal dos seus habitantes. Desvelam-se com uma dedicação imensa, o povo se envolve e cria-se, surpreendentemente, um clima de pura cidadania.
Fator espontâneo de integração social, coletiva.
É de ver como nas quermesses, festas religiosas e cívicas, folguedos todos, os munícipes se juntam em torno dos circunspectos e afinados músicos.
Isso tudo dá ensejo agora à transcrição parcial de crônica já aqui veiculada. Eis, pois, alguns trechos dela:
” Faz tempo, - e muito tempo! - de pé na escadaria da Igreja do Carmo aqui em Itu, viu-se a modesta Corporação Musical Nossa Senhora do Carmo, subir a praça, em meio às palmeiras.
Muito garbo, orgulho e, figura extraordinária, a do insigne maestro, de grandeza moral na estatura pequena, conhecido popularmente como o sr. Toniquinho, à frente. O saudoso maestro, presente de Cabreúva a Itu, sr. Antonio Rdorigues da Silveira.
Esse fato gerou uma crônica no boletim “Salve Maria”.
No meio da semana, o cronista é agradavelmente surpreendido, no seu local de trabalho, à época na secretaria da Câmara Municipal (ainda na Casa do Barão, final dos anos 50!). Eis que o maestro aparece para agradecer. O júbilo pelo artigo feito nem era importante; agradou demais saber que, sem essa intenção, tocara-se fundo o coração do músico exímio.
Um fato comum, simples, mas que jamais sairá do compartimento mental que registra e guarda momentos inesquecíveis. Gravados para sempre.
Justamente por causa do documentário na TV , é que também fala de perto a Itu, a cômoda e feliz posição de contar com uma das mais gloriosas corporações musicais do estado, sem favor nenhum. Não seria hora nem seria preciso realinhar outra vez os muitos títulos conquistados pela União dos Artistas, a Banda União.
Certo que nos tempos modernos – como acontecia nos domingos à noite – a Banda União não suba mais em marcha organizada, perfilada, a Sete de Setembro, com as passadas conduzidas ao retoque apenas no bumbo, pelo maestro Anísio. O cortejo, imponente e galhardo, fazia a curva mais ou menos no ponto do farol medonho de hoje e vinha em direção ao coreto da praça Padre Miguel. Desfilava, na ida e na volta, sem tocar embora.
Era solene, formal, orgulho permanente da cidade.
A Corporação Musical “União dos Artistas” não viveu somente de glórias. Muitos períodos falam das dificuldades, ora financeiras ora de outra ordem. “
A esta altura, obrigatoriamente, sociedade e poder público, povo e entidades, devem se movimentar para uma comemoração digna do centenário da Banda União, que se avizinha: 2012.
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Bem a propósito do tema portanto – e para terminar – que ninguém deixe de comparecer à Praça Padre Miguel, eis que ali, na manhã de 3 de abril, domingo, se exibirá por sinal a Banda Marcial de Salto que, com somente três anos de atividade, perpetrou verdadeiro prodígio, porque integrada em boa parte por jovens músicos. Sem se falar no aprimorado corpo de coreografia que a integra.
Venham ver e constatar.