Publicado: Domingo, 18 de janeiro de 2009
Barack na mente, Obama no coração
“Não vai ser fácil. Mas são os momentos de crise que mostram quem a gente realmente é”.
Esta foi uma das idéias do discurso de Barack Obama em Washington, no primeiro evento oficial promovido pelo Comitê da Posse Presidencial “We Are One”(Nós Somos Um), realizado no Lincoln Memorial neste também histórico dia 18 de janeiro.
Não é preciso ser presidente dos Estados Unidos para saber isso. Por outro lado, nem todos os presidentes têm essa sabedoria. Independente de credo ou postura política, a liderança de Obama diante da maior potência mundial dos últimos tempos traz a mensagem da mudança e da aceitação das diferenças. Sua presença mistura crenças, integra polaridades, chacoalha certezas e instiga posições.
Você pode ser contra ou a favor. Pode achar que o copo está meio cheio ou meio vazio, de acordo com suas crenças e visão de mundo. Mas o fato é que esse novo rosto inspira novos ares, com menos pó e mais frescor.
Crise todos sabem que está aí e veio pra ficar. Dúvidas pairam nas mentes brilhantes ou desavisadas. O futuro é incerto e o rumo duvidoso. Mas faz uma enorme diferença olhar nos olhos de um presidente e ver humanidade. Não sei se durará para sempre ou se o poder subirá à cabeça, como em inúmeros casos acontece. Não sei se a euforia continuará depois dos primeiros tropeços, mas espero sinceramente que esse movimento continue em movimento.
Não sei quase nada. Mas sei que faz uma enorme diferença olhar nos olhos de um presidente e ver humanidade. É nela que mora a compaixão, a compreensão, a humildade, o respeito, a ética, a gratidão, a coragem e o amor. Uma palavrinha simples que há muito tempo fugiu da vida de muitos políticos e presidentes. Simplesmente deixou de existir nos olhos de quem atola no poder escasso e passageiro do dinheiro e da fama. Humanidade.
Realmente, não sei quase nada. Mas sei olhar nos olhos de uma pessoa e encontrar verdade, bondade e determinação. Também sei ver um olhar dissimulado, uma frase esvaziada e um gesto sem alma.
O que será o tempo dirá. O que já foi, registra largos passos, se pensarmos que em 1963, nesse mesmo país, Martin Luther King profetizou: “Eu tenho o sonho de ver um dia meus 4 filhos vivendo numa nação em que não sejam julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo seu caráter”.Não foram seus filhos, mas seu neto (Martin Luther King III) que esteve hoje no palco, celebrando a vitória de Obama. Não por acaso, amanhã (19) é o “Martin Luther King Day”, dia do seu avô.
Do meu cantinho eu celebro a possibilidade – ainda que remota – de ver a semente da paz vingar. Porque a paz nasce quando verdadeiramente aceitamos que qualquer corpo que carrega a vida tem o direito de existir – sejam brancos, negros, homens, mulheres, minorias, maiorias, ricos, pobres, de qualquer raça ou religião, de qualquer crença ou condição.
Barack Obama tem nas veias a mistura que une, o sangue que pulsa, o rio que corre para um mar aberto e sem fronteiras. Eu sei, “you may say I´m a dreamer, but I´m not the only one…”
O que será o tempo dirá.
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