Bater em criança
Há uma anedota narrando a seguinte cena: numa praça, um homem balança um carrinho de bebê enquanto a criança berra intensamente. “Calma Fernandinho, calma Fernandinho”, repete o pai sem parar.
Sentada no banco, uma senhora se admira e elogia o cidadão pela tremenda paciência diante do berreiro do filho. E então ele responde: “Minha senhora, o Fernandinho sou eu!”.
Pesquisa realizada com milhares de pais concluiu que praticamente metade deles recorre às palmadas quando os filhos passam da conta. A outra metade afirma não ser adepta dos corretivos físicos, nem mesmo diante da maior molecagem imaginável.
O assunto divide também os educadores. Há argumentos contra e a favor. Afinal, dar palmadas realmente pode afetar a saúde psicológica dos pequenos? Como fazer quando o diálogo não consegue dar um jeito em questões comportamentais da criançada?
Particularmente, sou do tempo das palmadas, chineladas e varinhas de marmelo. Quando aprontava alguma molecagem, meus pais não tinham dúvidas ao passar a cinta na mão. Nem por isso cresci traumatizado ou com rancores. As sovas aconteciam nas melhores famílias, com os coleguinhas e vizinhos de bairro.
Por outro lado, violência é violência. Não importa a intensidade, um tapinha ou um tapão, uma palmada ou uma chinelada. A questão é a mensagem implícita no ato de bater e na experiência de apanhar.
Quando se deixa o diálogo de lado, a criança aprende que as coisas podem ser resolvidas através de atitudes violentas em vez de serem tratadas na base da conversa e da compreensão mútua.
É verdade que, por mais amorosos que sejam, às vezes a paciência dos pais também se esgota. Num momento de nervosismo, podem recorrer às palmadas e depois se arrependem.
A melhor saída, passado o episódio, é retomar o diálogo. Pedir desculpa aos filhos não deve ser vergonhoso. Antes, é uma mostra de como corrigir as coisas nas relações entre pais e filhos.
Como ato impensado, bater em criança pode ser explicado. Mas não justificado. Agredir um menor é sempre uma covardia e sequer devia ser cogitado em hipótese alguma.
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