Boas notícias
Estamos ávidos por boas notícias. Vivemos em clima massificado pela perversa mídia que tem sua fonte de renda ligada, sobretudo, ao Ibope do infortúnio, de maneira que, se pudéssemos receber boas notícias nos sentiríamos sumamente gratos.
Nós outros, porém, atordoados com a pressão econômica e consumista de todos os lados, também não sabemos como proceder. Teríamos de nos socorrer à Igreja porque ali estão os pastores, os Ministros de Deus, sempre prontos a nos dar uma palavrinha de conforto, nos relembrando que o objetivo final da vida não se encontra neste mundo, mas no Reino dos Céus.
Acontece, porém, que o número de Ministros do Senhor é pequeno e assim, muitos ficam expostos à própria sorte, dependendo de si mesmos para se safarem dos intrincados problemas que os cercam.
Boas notícias também são consequências. Ou seja, precisa-se participar de uma vida comum de trabalho e oração para ao final vislumbrar-se algo de muito bom, confortador, que possa, eventualmente, ser transformado em mensagem de euforia.
Já estamos cansados de saber que pertencemos a país emergente, pois não conseguimos ultrapassar as metas que nos transformariam em país de primeiro mundo. Estamos em plena luta e ignoramos ainda por quanto tempo isso durará, razão pela qual temos de nos acostumar e cultuar a paciência fervorosamente.
O Estado,é evidente, precisa controlar a mídia para que o povo sofra menos e possa trabalhar com mais tranquilidade. A liberdade total de informação traz a vantagem de todos conhecerem tudo, se assim o desejarem e forem capazes, porém, de outro lado traz também o desespero deixando claro as dificuldades e as próprias limitações.
Boas notícias seriam se o governo não aumentasse, mas até reduzisse impostos, por menos que fosse. Se determinasse que informações de crimes e desastres só pudessem ser veiculadas na tevê após as 23 horas, proibidas as chamadas de programas violentos, eróticos etc.
Se cuidasse melhor da educação, com remuneração adequada aos professores e implantasse efetivo sistema de assistência social à pobreza desamparada.
Como tudo isso é um ponto longínquo no horizonte, para continuar a viver sem traumas, temos de nos iludir, partir para o mundo da fantasia e assim, por algumas horas, sentir alegrias, aguardando o implacável passar do tempo.
O povão tenta se distrair, sobretudo com o futebol, mas acaba de levar uma “fubecada” com a frustração da derrota da seleção. Mas, a crescente legião dos ilusionistas já começa a acenar com a futura Copa de 2.014 a ser realizada no Brasil.
Na verdade, essa Copa de 2014 já se apresenta completamente desmotivada, pois o Brasil já não é mais o imenso e interminável produtor dos grandes astros do gênero e aqui, ninguém mais terá interesse em assistir jogos inexpressivos de países principiantes.
Depois, a poderosa FIFA exigir a reforma e até a construção de novos estádios, inclusive em São Paulo, dá o que falar, pois o país tem inúmeras prioridades para investimento.
Continuaremos, pois, a aguardar boas notícias.
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- roberto corrêa