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Publicado: Quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Bodas de Prata

Bodas de Prata
Escultura "Balanço Partido", de Jeff Koons

Saiu trôpego, parou no meio da calçada e sacou um de seus cigarros do maço. Levou-o até os lábios, procurou o isqueiro em seus bolsos e não achou. A mãe de seus filhos veio-lhe em lembrança com a expressão de nojo que não conseguiu esconder logo após beijá-lo a primeira vez, em um dos tradicionais bailes de sábado à noite no Clube Ideal. Cuspiu o cigarro no chão e decidiu finalmente parar de fumar; iria presentear aquelas bodas de prata se livrando de seus vícios ruins, inconvenientes esses anos todos. Pisou sobre o tubete de nicotina com força, esmagando-o. Deu mais alguns passos e jogou o maço inteiro no lixo, sem olhar. Mesmo com os sentidos deturpados pelo vinho seco, tinha certeza que agradá-la em detrimento dos seus desejos, era finalmente a melhor escolha. As primeiras providências seriam mudar a rota de retorno do trabalho e dar dinheiro ao primogênito para pagar a conta no boteco. Entrou pela porta da frente de casa e encontrou a mulher, cansada de esperá-lo, bêbada e fumando.

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